Reforço da vacinação e testagem para conter avanço da pandemia em Lisboa
Com 143 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias, o Governo anunciou reforço de medidas para a região de Lisboa e Vale do Tejo.
As pessoas na faixa etária dos 40 anos começarão a ser vacinadas a partir de 6 de Junho, seguindo-se, a partir de dia 20, a vacinação dos cidadãos com 30 ou mais anos. Num momento em que a situação epidemiológica no concelho e na região de Lisboa se agravou, o secretário de Estado adjunto e da Saúde anunciou uma “aceleração do processo de vacinação” na região de Lisboa e Vale do Tejo. Segundo António Lacerda Sales, a região está “ligeiramente mais atrasada na vacinação”, com 32% da população com pelo menos uma dose já tomada.
O coordenador da task force para o plano de vacinação, vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, veio entretanto esclarecer que “estas são datas indicativas de planeamento para todo o continente”, e não apenas para Lisboa, sublinhando que o plano de vacinação “é nacional”.
O Governo, a Câmara de Lisboa e a Administração Regional de Saúde deram uma conferência de imprensa esta terça-feira no Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) só para falar da situação de Lisboa e Vale do Tejo. Confirmou-se o agravamento da epidemia nesta região sobretudo entre a população mais jovem, mas não se anunciou qualquer recuo no desconfinamento.
“Não fazemos excepções para regiões nenhumas. Não estamos a beneficiar o infractor, estamos a beneficiar a saúde pública”, disse Lacerda Sales. Em vez de pôr já trancas à porta, o Executivo opta por um plano de testagem maciça e por campanhas de sensibilização.
Os testes a alunos, docentes e não docentes do ensino secundário no concelho de Lisboa vão arrancar na próxima quinta-feira. Nos concelhos com mais de 120 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias, o reforço da testagem aos docentes e não docentes de todos os escalões de ensino avança entre 31 de Maio e 1 de Junho.
Está igualmente previsto um reforço da testagem nas universidades e politécnicos, embora os alunos do ensino superior pareçam menos dispostos a fazer o teste actualmente. “Eu sou um optimista. Confio no bom senso dos portugueses, mesmo no dos jovens adultos”, comentou Fernando Almeida, presidente do INSA, que apresentou o plano de testagem. Nele se inclui ainda uma campanha de sensibilização e testagem nas residências universitárias. “É uma área que nos preocupa”, admitiu.
Também abrangidos por testes vão estar imigrantes e requerentes de asilo, sobretudo os que residem em hostels ou pensões, frequentemente sobrelotadas no centro de Lisboa. Haverá unidades móveis para fazer testes a estafetas, taxistas, motoristas de TVDE, nas interfaces de transporte (Gare do Oriente à cabeça) e também nas zonas de diversão nocturna (Av. 24 de Julho, Santos, Bairro Alto, S. Pedro de Alcântara). “Testem-se e deixem-se testar”, pediu António Lacerda Sales.
Incidência aumenta na periferia de Lisboa
André Peralta Santos, director de Serviços de Informação e Análise da Direcção-Geral da Saúde, informou que em Lisboa o índice de transmissibilidade da covid-19, o R(t), está actualmente em 1,14 (é de 1,06 no país) e que há 143 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias.
No domingo, a incidência da doença era superior a 240 casos por 100 mil habitantes em três freguesias de Lisboa (Santa Maria Maior, Misericórdia e Arroios) e superior a 120 casos em sete outras freguesias. Na última semana, porém, o ritmo de agravamento da pandemia abrandou no centro da cidade e aumentou em quase todas as outras freguesias, assim como em freguesias de Odivelas, Sintra e Amadora.
A manter-se este crescimento, dentro de duas ou três semanas o concelho de Lisboa estará com uma incidência de 240 casos por 100 mil habitantes, que é uma das linhas vermelhas definidas pelo Governo para travar o desconfinamento. A incidência actual vai colocar Lisboa na lista dos concelhos em alerta, actualizada às quintas-feiras em Conselho de Ministros.
Lacerda Sales disse que a situação epidemiológica em Lisboa e Vale do Tejo deve “ser encarada como um sinal de alerta, não de alarme”. “A densidade populacional e os movimentos pendulares fazem com que a dispersão seja maior, o que aumenta o risco de transmissão”, acrescentou. O governante subscreveu as palavras do primeiro-ministro esta terça-feira em Bruxelas, recusando apontar causas específicas para a situação lisboeta. “Não se deve atribuir a um único evento.”
Portugal registou, esta terça-feira, mais 375 casos de infecção. A região de Lisboa e Vale do Tejo foi novamente a que somou mais casos de covid-19 no último dia, com 175 infecções (num total de 319.621 desde o início da pandemia). O Norte do país, com mais 103 casos, foi a segunda região com mais novos casos, seguido de Alentejo (com 20), a região Centro (com 19) e, por último, o Algarve (11).
Notícia actualizada às 22h04 com declarações do coordenador da task force da vacinação