Recuperação de olaria em Coimbra finalista de prémio europeu de arquitectura
A reabilitação do edifício da Cerâmica Antiga de Coimbra, liderado pelos arquitectos Luísa Bebiano, Carlos Antunes e Desirée Pedro, do Atelier do Corvo, é o único projecto português finalista do Prémio Europeu de Intervenção do Património Arquitectónico. O vencedor será conhecido a 17 de Junho.
O projecto de reabilitação do edifício da Cerâmica Antiga de Coimbra, da autoria de Luísa Bebiano e do Atelier do Corvo, está entre os 16 finalistas do Prémio Europeu de Intervenção do Património Arquitectónico, anunciou, a 20 de Maio, a organização. Este foi o único projecto português seleccionado para uma lista de 16 de finalistas, a partir de 202 candidaturas, da qual será conhecido o vencedor, no próximo dia 17 de Junho.
Os arquitectos converteram, entre 2016 e 2018, o edifício num espaço museológico, mantendo a continuidade do trabalho na oficina de cerâmica artesanal. O edifício da Cerâmica Antiga de Coimbra, criada em 1824, chegou a estar em risco de demolição em 2003. É considerada a última olaria tradicional de faiança activa em Portugal.
Como explicou Luísa Bebiano ao PÚBLICO em 2019, o projecto reabilitou a fábrica artesanal da sua família, que guarda o espólio de todas as outras olarias que funcionaram na zona histórica de Coimbra. Ao mesmo tempo, “criou um serviço de restauração capaz de estabelecer uma relação entre a cidade, o público e a própria fábrica”, explicou.
Dirigido pelos arquitectos Ramon Calonge, Oriol Cusidó, Marc Manzano e Jordi Portal, com a Associação de Arquitectos para a Defesa e Intervenção em Património Arquitectónico (AADIPA) e a Associação de Arquitectos da Catalunha, o Prémio Europeu de Intervenção do Património Arquitectónico (European Award for Architectural Heritage Intervention) tem como objectivo “distinguir as boas práticas patrimoniais e contribuir para a sua promoção e divulgação”.
Este “é um apelo com dez anos de existência, que tem como objectivo estabelecer-se como dinamizador e observatório dos novos desafios” na arquitectura, a favor da “conservação e intervenção em património construído”, como se lê na página do prémio de periodicidade bienal, que vai na quinta edição.
O projecto assinado por Luísa Bebiano e o Atelier do Corvo está, na lista de finalistas, lado a lado com os projectos do Hotel Nomad, em Basileia, na Suíça, do gabinete Buchner Bründler, do Museu Real das Belas Artes, de Antuérpia, na Bélgica, do atelier KAAN, do Estádio Olímpico de Helsínquia, na Finlândia, pela k2s architects e o NRT, da Brasserie Gallia, em Pantin, França, dos gabinetes Maxime Jansens e Erwan Bonduelle, e da escola de música Ragenhaus, em Bruneck, no sul do Tirol, em Itália, por Barozzi Veiga.
A reabilitação da Casa Batló, de Antoni Gaudí, pelos arquitectos Xavier e Ignasi Villanueva, Mireia Bosch e Ana Atance, o projecto do Museu Oliva Artés, do atelier BAAS, e das Torres de Mérola, de Carles Enrich Giménez, todos em Barcelona, são outros finalistas.
O projecto da Cerâmica Antiga de Coimbra já foi distinguido com os prémios do património Vilalva, atribuído pela Fundação Calouste Gulbenkian, de arquitectura Diogo Castilho, da Câmara de Coimbra, o Prémio Nacional de Reabilitação Urbana, Vida Imobiliária, e o Prémio Nuno Teotónio Pereira para a Reabilitação do Património, do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana.
Em 2019, o júri para os prémios do património Vilalva, destacou, em comunicado, “a pertinência de uma intervenção no Terreiro da Erva, uma zona da cidade de Coimbra com sinais de degradação evidente e marcada por uma certa marginalidade”, e a sua “escala humana”, em contraste com as grandes empresas.
Os arquitectos Carlos Antunes e Desirée Pedro, do Atelier do Corvo, e Luísa Bebiano lideraram o projecto que também envolveu Diogo Rodrigues, Ivan Sach, Ivo Lapa, João Miranda, Mário Carvalhal, Pedro Canotilho, Rui Santos e a equipa de engenharia ECA Projectos, de acordo com a ficha publicada pelo prémio da AADIPA.
O vencedor do Prémio Europeu de Intervenção do Património Arquitectónico será conhecido a 17 de Junho, em Barcelona, Espanha, no âmbito da Bienal Internacional do Património Arquitectónico da AADIPA, organizada com a Associação de Arquitectos da Catalunha e o Governo da Catalunha.