Violência doméstica. Homem mata ex-mulher em Gaia depois de lhe barrar o caminho com o carro

Homem de 62 anos matou a ex-companheira com dois tiros de caçadeira depois de lhe barrar a marcha do automóvel que esta guiava, em Grijó, Vila Nova de Gaia. A acusação refere que o homicídio culminou numa sucessão de agressões à mulher e à filha menor de ambos, bem como ameaças e chantagens, que prosseguiram após a separação do casal.

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pp paulo pimenta

Um homem matou a ex-companheira com dois tiros de caçadeira depois de lhe barrar a marcha do automóvel que esta guiava, em Vila Nova de Gaia. Segundo uma acusação do Ministério Público (MP), consultada esta quinta-feira pela agência Lusa, o homem tentou o suicídio em seguida.

A acusação, deduzida por um departamento do MP especializado em violência doméstica, refere que o homicídio culminou numa sucessão de agressões à mulher e à filha menor de ambos, bem como ameaças e chantagens, que prosseguiram após a separação do casal.

O homem matou a ex-companheira ao final da manhã de 27 de Outubro de 2020 numa rua da freguesia de Grijó, na zona sul do concelho de Vila Nova de Gaia, distrito do Porto, e tudo começou quando o arguido, guiando um veículo de média gama, perseguiu a ex-mulher, que conduzia um automóvel utilitário. “Tentou, por várias vezes, atravessar o veículo na frente da viatura tripulada por esta ofendida, com manifesto propósito que a mesma se despistasse ou se imobilizasse”, descreve o despacho de acusação.

Mais adiante, bloqueou a estrada, obrigando a vítima a parar, atingindo-a no ombro esquerdo com um primeiro disparo de arma caçadeira. “Não satisfeito”, relata a acusação, fez um segundo disparo, que lhe provocou lesões em várias partes do corpo e que “determinaram a respectiva morte violenta no local”. Num terceiro disparo, tentou o suicídio.

O casal, ele com 62 anos e ela com 42 anos, manteve uma união de facto entre 2006 até meados de Outubro de 2020 e os actos de violência doméstica ocorreram a partir de 2008. O processo assegura que o arguido nunca exibiu a arma à vítima, mas chegou a declarar-lhe que pegaria numa caçadeira para a matar.

Quando a mulher estava grávida da filha comum (que nasceu a 2 de Fevereiro de 2008), fez-lhe saber que mantinha uma relação amorosa com a sua ex-esposa (de quem se encontrava divorciado) e, por várias vezes, agrediu a vítima a murro e a pontapé, chegando mesmo a cortá-la com um vidro, acrescenta o despacho.

A certa altura, passou a agredir também a filha menor do casal, dirigindo-lhe, de acordo com o MP, esta ameaça: “Corto-te o pescoço. Vou para a cadeia, mas vou para a cadeia feliz”. E é onde está, preso preventivamente à ordem do processo, e enfrenta a acusação de crime de homicídio qualificado e dois crimes agravados de violência doméstica contra a ex-mulher a filha menor de ambos.