Sarkozy regressa aos tribunais para o julgamento sobre financiamento ilegal em 2012
Antigo Presidente francês foi condenado a três anos de prisão, em Março, num outro processo sobre corrupção e tráfico de influências, e aguarda o desfecho de um terceiro caso sobre o suposto financiamento da campanha de 2007 pela Líbia de Khadafi.
Três meses depois de ter sido condenado a três anos de prisão por corrupção e tráfico de influências, o ex-Presidente francês Nicolas Sarkozy regressa esta quinta-feira a um tribunal, em Paris, para continuar a ser julgado num outro processo em que é acusado de financiamento ilegal da sua campanha na eleição presidencial de 2012.
O julgamento do caso – conhecido como Bygmalion – começou em Março depois da condenação de Sarkozy no caso Paul Bismuth, mas foi interrompido e adiado para esta quinta-feira depois de um advogado ter adoecido com covid-19.
O caso Bygmalion envolve uma empresa de comunicação com o mesmo nome e as suspeitas de que os seus responsáveis receberam facturas falsas do partido União para um Movimento Popular (UMP, antecessor d’Os Republicanos).
O objectivo, segundo a acusação, era esconder o facto de o partido de Sarkozy ter superado em mais de 20 milhões de euros o limite definido por lei para o financiamento de campanhas eleitorais – neste caso, a campanha de Sarkozy às presidenciais de 2012, que viria a perder para François Hollande.
No caso Paul Bismuth, Sarkozy foi condenado, a 1 de Março, por ter participado num “pacto de corrupção” com o seu advogado, Thierry Herzog, e com um juiz do Tribunal de Cassação, Gilbert Azibert.
Em troca da promessa de um cargo no principado do Mónaco, o juiz Azibert deveria revelar a Sarkozy informações confidenciais sobre as investigações de um outro processo (o caso Bettencourt) que envolveu pagamentos da herdeira multimilionária Liliane Bettencourt – dona da L’Oréal – a membros do Governo francês ligados ao então chefe de Estado, para o financiamento da campanha eleitoral de Sarkozy em 2007.
No processo que é retomado esta quinta-feira, o Ministério Público admitiu que não conseguiu provar que Sarkozy foi o organizador do esquema de financiamento ilegal, nem que teve nele um papel activo. Mas o ex-Presidente francês é acusado de ter conhecimento de tudo e de ter beneficiado do financiamento ilegal.
Sarkozy, de 66 anos, tem negado todas as acusações no caso Bygmalion e recorreu da sua condenação no caso Paul Bismuth. Se for novamente considerado culpado, pode ser condenado a um máximo de um ano de prisão e ao pagamento de 3750 euros de multa.
Um dos outros acusados, o nº 2 da campanha eleitoral de Sarkozy em 2012, Jérôme Lavrilleux, admitiu publicamente que desviou fundos facturados à empresa Bygmalion para camuflar os gastos de campanha, mas disse que agiu por iniciativa própria.