Hot Clube celebra canções de resistência, “num tempo em que viver é resistir”
These songs are my songs leva ao Hot Clube um cancioneiro de resistência, na música do Zé Eduardo Trio e com curadoria de António Curvelo. Esta sexta-feira, às 19h.
Sexto concerto do programa com que o Hot Clube vem marcando o regresso às sessões ao vivo, ao longo do mês de Maio, o desta sexta-feira tem uma particularidade: a de dar voz, no jazz instrumental do Zé Eduardo Trio, a uma série de canções de resistência. Com curadoria de António Curvelo, These songs are my songs integra-se num ciclo de dez espectáculos programados para o mês de Maio para a sala da Praça da Alegria, em Lisboa, numa colaboração do Hot Clube com a associação Circuito. O concerto desta sexta-feira feira começa, como todos os deste ciclo, às 19h (bilhetes a 7,5 e 10 euros).
Num longo texto que o Hot disponibilizará em pdf, além das letras de todas as canções que ali serão tocadas pelo trio (com Simon Seidl no piano, Zé Eduardo no contrabaixo e Marcelo Araújo na bateria), António Curvelo faz um enquadramento histórico de todos os dez temas escolhidos, que vão desde The preacher and the slave (1911), de Joe Hill, sindicalista e nome mítico da canção militante norte-americana, até temas de Weill e Brecht (Pirate Jenny, 1928), Irving Berlin (Supper time, 1933), Marc Blitzstein (The cradle will rock, 1937) ou esse grito anti-racista que é Strange Fruit (1937) de Abel Meeropol, imortalizado por Billie Holiday. Como escreve António Curvelo no texto, referindo-se a essa magistral interpretação, “cada sílaba de Billie é uma denúncia, cada verso um testemunho, cada som uma promessa de resistência e combate à injustiça.”
“Resistir é não esquecer”
Os textos que enquadram as canções são antecedidos desta introdução: “Num tempo em que viver é resistir, as memórias do jazz e da música popular americana também são (podem ser) uma arma. De resistência. Da denúncia do racismo (Strange fruit, Supper time, You’ve got to be carefully taught, What did I do to be so black and blue) às grandes lutas sociais, sindicais e operárias (Sing me a song with social significance, Brother, can you spare a dime?, The cradle will rock, The preacher and the slave, Pirate Jenny), do patriotismo ao pacifismo e internacionalismo (I didn’t raise my boy to be a soldier) – é todo um palco musical que testemunha e resiste: dos clubes de jazz às revistas da Broadway, do teatro independente às canções de rua, dos espirituais & hootenanies aos standards do American Songbook. Sem memória corremos o risco de perdermos tudo. Viver é resistir. Resistir é não esquecer. Não esquecer é fazer o futuro.”
Mais quatro concertos
O ciclo, assente na escolha de um bandleader e de um curador para cada concerto, todos eles em trio, começou no dia 5 de Maio com Pedro Felgar Trio (curadoria de Luís Hilário), continuando dia 7 com Ricardo Toscano Trio (curador: Paulo Gil), dia 12 com Feodor Bivol Trio (curador: Paulo Barbosa), dia 14 com Beatriz Nunes Trio (curador: Pedro Costa) e 19 com o NoA Trio, de Óscar Graça (curador: Leonel Santos).
Os próximos estão agendados de 26 a 29 de Maio, sempre às 19h. O primeiro é com Joana Machado Trio e curadoria de um histórico do Hot, Bernardo Moreira (“Binau”), contando Joana Machado (voz), Óscar Graça (piano) e Joel Silva (bateria). No dia 27 será a vez do duo Mano a Mano (André Santos e Bruno Santos, guitarra e cordofones) com Rita Redshoes (voz e guitarra); a curadoria é de Cristina Marvão. Dia 28, com curadoria de Rui Rodrigues, actuará o Demian Cabaud Trio: José Diogo Martins (piano) Demian Cabaud (contrabaixo) e Miguel Rodrigues (bateria). Por fim, a 29 de Maio, o ciclo fecha com Gonçalo Marques Trio e curadoria de Miguel Cunha: Gonçalo Marques (trompete), Masa Kamaguchi (contrabaixo) e João Pereira (bateria).