Em nome de 26 dos 27 membros da UE, Borrell repete apelo à cessação imediata da violência

Hungria não se juntou aos restantes países que subscreveram declaração política sobre o conflito em Israel e na Faixa de Gaza.

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Protestos no checkpoint de Hawara, perto da cidade de Nablus, na Cisjordânia RANEEN SAWAFTA/Reuters

O Alto Representante para a Política Externa e de Segurança da União Europeia, Josep Borrell, repetiu esta terça-feira o seu apelo para a “cessação imediata da violência” em Israel e na Faixa de Gaza, e a “implementação de um cessar-fogo” tanto pelo Exército israelita como pelos militantes do Hamas e da Jihad Islâmica.

Um apelo feito em nome próprio e com o apoio de 26 dos 27 Estados-membros: a Hungria recusou subscrever a declaração que resultou da reunião informal dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE convocada de urgência por Josep Borrell precisamente para discutir a recente onda de violência em Israel e nos territórios palestinianos ocupados, e “coordenar uma resposta europeia”.

“A situação é muito má. O aumento da violência provoca um elevado número de vítimas civis, incluindo um número significativo de mulheres e crianças. É inaceitável”, criticou o alto representante, insistindo que “a prioridade número um” é pôr termo a todos os ataques. “É preciso proteger os civis e garantir o acesso humanitário a Gaza”, considerou.

Borrell condenou os “ataques com rockets do Hamas e outros grupos terroristas”, e reiterou o reconhecimento e “total apoio” da UE ao direito de Israel se defender. Mas avisou que esse direito deve ser exercido “de forma proporcional e respeitando a lei humanitária internacional”.

Além disso, pediu ao Governo israelita que assegure a liberdade religiosa e respeite os locais sagrados de Jerusalém, e ponha fim aos despejos e expulsões de famílias árabes como sucedeu no bairro de Sheikh Jarrah.

Mas para Josep Borrell, o fim da violência não pode significar o regresso ao status quo na Faixa de Gaza. “Não é uma opção”, frisou o chefe da diplomacia europeia, que deu conta dos seus contactos com a Administração norte-americana e com o renovado Quarteto para o Médio Oriente para “recuperar um horizonte político” para a região.

“Só uma solução política pode trazer a paz”, insistiu Borrell, confirmando o firme compromisso da UE e de parceiros como o Egipto ou a Jordânia na criação das condições para a recuperação do diálogo e o “potencial lançamento do processo de paz”, que nas suas palavras “está num impasse há demasiado tempo”.

“A comunidade internacional e a UE não podem esperar que o problema se resolva sozinho. Com o status quo, a violência acabará por regressar”, vaticinou. “Por isso relembramos a importância do diálogo e do processo político”, repetiu, acrescentando que a convocação de eleições palestinianas também “deve ser uma prioridade”.

Josep Borrell lamentou mas desvalorizou a posição da Hungria, que escolheu manter-se à margem, sem assinar a acta da reunião, que decorreu por videoconferência. “Foi uma reunião longa e intensa. Houve 26 países que manifestaram um forte apoio à posição da UE, e aprovaram o sentido da discussão, e houve um país que dificultou o acordo. Custa-me entender que não se possa estar de acordo com esta declaração, mas uma vez que não se trata de conclusões formais não será assim tão relevante”, considerou Borrell.

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