Portugal negociava a 24 de Abril de 1974 a compra de 32 caças Mirage para a guerra na Guiné

Desde o início de 1973 que o Conselho Superior de Defesa Nacional assumia “debilidades” na Força Aérea na guerra colonial da Guiné. Em 1974, Governo de Marcello Caetano aprovou a compra de caças à França por 750 milhões de francos.

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A 24 de Abril de 1974, desconhecendo os preparativos iminentes para o golpe militar que se iniciaria nessa mesma noite, o então ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Patrício, conseguia obter a anuência, difícil, do Governo francês para a compra por parte de Portugal de 32 aviões Mirage à empresa francesa Dassault Aviation. Marcello Caetano queria usar os caças na guerra da Guiné-Bissau, mas o Governo francês, preocupado com os seus interesses em África, num primeiro momento, vetara tal venda e depois acordaria em que a transacção se realizasse desde que Portugal cumprisse a promessa de não os usar perto da fronteira com o Senegal (antiga colónia francesa tornada independente em 1960 e com uma fronteira terrestre com a Guiné-Bissau de mais de 300km). Rui Patrício sairia, pois, satisfeito da reunião, desse dia 24 de Abril, que tivera com o embaixador francês Bernard Durand. Os planos, porém, seriam abortados em poucas horas, com o eclodir da Revolução de Abril. A história secreta dos caças Mirage é contada no livro Nos meandros da Guerra — O Estado Novo e a África do Sul na Defesa da Guiné (Caleidoscópio), de José Matos e Luís Barroso, editado no ano passado, em plena pandemia, e que resulta de uma investigação iniciada em 2013, que contou com informações de documentos portugueses e dos ministérios dos Negócios Estrangeiros e Defesa franceses — e que sofreu alguns atrasos devido à classificação e desclassificação de documentos em Portugal (ver texto em baixo).

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