Para celebrar a diversidade, uma nova espécie de formiga foi baptizada com um pronome neutro

Um especialista em taxonomia e Michael Stipe, vocalista dos R.E.M., são os autores do nome desta nova espécie descoberta. Abandonaram os tradicionais “ae” e “i”, usados para categorizar machos e fêmeas, e terminaram o nome escolhido com o pronome neutro “they”. O resultado: Strumigenys ayershthey.

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Sian Cooper/Unsplash

Strumigenys ayershthey: é este o nome de uma nova formiga carnívora, recentemente descoberta nas florestas tropicais do Equador. E não é só a formiga que é novidade: o nome que lhe foi dado, que normalmente termina com “ae”, no caso de ser fêmea, e “i”, no caso de ser macho, é uma celebração à diversidade de género, usando o pronome neutro “they”.

O insecto foi descoberto por Philipp Hoenle, da Universidade Técnica de Darmstadt, na Alemanha, durante uma expedição à reserva do Rio Canande, em 2018. A reserva pertence à organização não-governamental Jocotoco e preserva uma pequena parte de hotspots de biodiversidade altamente ameaçados.

Perante a descoberta, Philipp Hoenle entrou em contacto com Douglas Booher, especialista em taxonomia (nomenclatura das descrições e classificações científicas), que referiu que esta espécie não era como as outras 850 que pertencem ao seu género. A descoberta desta formiga foi publicada na revista ZooKeys.

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Strumigenys ayersthey

Para dar nome ao insecto, a Douglas Booher juntou-se o vocalista da banda R.E.M, Michael Stipe. Juntos, decidiram homenagear um amigo em comum, o artista e activista Jeremy Ayers. “Em contraste com as práticas tradicionais de nomenclatura, que identificam os indivíduos com um de dois géneros distintos, escolhemos uma aglutinação ‘não-latinizada’, que homenageia Jeremy Ayers e representa as pessoas que não se identificam com os padrões de género convencionais”, explicaram. “A palavra ‘they’ aplica-se a pessoas que não se identificam com nenhum género e ajuda-nos a conseguir uma melhor compreensão, e mais inclusiva, da identidade de género.”

Boother acrescentou que “um animal tão bonito e raro era a espécie ideal para celebrar a diversidade biológica, mas também humana”. “Pequenas mudanças na linguagem podem ter um grande impacto na cultura. A língua é dinâmica e também o deveria ser na nomenclatura das espécies — a linguagem básica da ciência”, rematou.

O insecto Strumigenys ayersthey pode ser distinguido pela sua superfície macia e brilhante e pelas mandíbulas longas, que o tornam único entre as restantes da sua variedade. Os cientistas ainda não conseguiram encontrar mais indivíduos, o que sugere que é raro.

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