Salários médios aumentam 3,2% em ano de pandemia
Diminuição do emprego entre os trabalhadores com remunerações mais baixas acabou por influenciar a evolução do salário-base dos que continuaram empregados, alerta o Instituto Nacional de Estatística.
Em ano de pandemia, a remuneração-base média por trabalhador registou um aumento de 3,2%, atingindo os 1014 euros mensais. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que comparou os salários brutos nos 12 meses imediatamente anteriores ao período pandémico (de Março de 2019 a Fevereiro de 2020) com a evolução das remunerações após o início da pandemia da covid-19 (de Março 2020 a Fevereiro de 2021).
Tendo por base os dados da Declaração Mensal de Remunerações enviadas pelas empresas à Segurança Social e da Relação Contributiva dos subscritores da Caixa Geral de Aposentações, o INE concluiu que a remuneração-base mensal média por trabalhador aumentou de 982 euros brutos para 1014 euros no total da economia.
Quando se olha com mais pormenor, é nítida a diferença entre as empresas que recorreram ao layoff e as que não o fizeram. Enquanto nas empresas que entraram em layoff as remunerações tiveram uma subida de 2,3%, nas que não enveredaram por esta solução a remuneração-base mensal média dos trabalhadores aumentou 4%.
O INE nota que esta evolução das remunerações durante a pandemia foi muito influenciada pela destruição de emprego em áreas em que os salários pagos eram mais baixos, fazendo aumentar a média. “O comportamento da remuneração-base mensal média por trabalhador foi influenciado pela composição da força de trabalho, cuja diminuição ocorreu principalmente entre os trabalhadores de remunerações mais baixas”, lê-se no destaque publicado esta manhã.
O INE destaca a diminuição de 1,9% do número de trabalhadores (para 4,1 milhões) durante a pandemia. O recuo foi observado nos dois grupos de empresas, tendo sido superior nas empresas que recorreram ao layoff (2,6%), enquanto as restantes tiveram uma diminuição do emprego menor, de apenas 1%.
Os dados divulgados nesta quinta-feira dão ainda conta da evolução da remuneração bruta mensal média por trabalhador entre o primeiro trimestre de 2020 e os três primeiros meses de 2021, tendo em conta os dados comunicados pelas empresas e pela administração pública relativos a 4,1 milhões de trabalhadores.
Assim, o INE aponta para um aumento homólogo de 3,1%, tendo o salário médio chegado aos 1227 euros mensais. “A componente regular daquela remuneração aumentou 3,6% e a remuneração base subiu 3,8%, atingindo, respectivamente, 1106 e 1041 euros”, lê-se na nota.
Em termos reais, e tendo como referência a inflação, os aumentos foram de 2,7%, 3,2% e 3,4%, respectivamente.