Deputado do BE Luís Monteiro desiste de candidatura autárquica
Decisão surge depois de o deputado ter sido acusado de violência doméstica pela ex-namorada. Apesar da desistência da corrida autárquica (e de uma recandidatura à lista de dirigentes do partido), Luís Monteiro manter-se-á na Assembleia da República.
O deputado do Bloco de Esquerda, Luís Monteiro, fez saber nesta quarta-feira que desiste da candidatura autárquica à Câmara de Gaia. A decisão do dirigente bloquista surge depois de ter sido acusado de violência doméstica por uma ex-namorada, Catarina Alves. Apesar de ter negado a acusação que lhe foi dirigida e de ter afirmado que irá fazer uma queixa-crime contra a queixosa, Luís Monteiro decidiu abandonar a candidatura de forma a não prejudicar os resultados do partido. O deputado irá manter-se na Assembleia da República.
Numa nota enviada ao PÚBLICO, o deputado esclarece que “face ao efeito público das calúnias” que diz terem sido lançadas a seu respeito e, “após ponderação”, solicitou à comissão coordenadora concelhia do Bloco de Esquerda de Vila Nova de Gaia a sua substituição como cabeça de lista à câmara nas próximas eleições autárquicas.
A saída de Luís Monteiro acontece a cerca de uma semana da realização da convenção nacional do partido, que se reúne a 22 e 23 de Maio, em Matosinhos. “Pela mesma razão, até que o processo judicial que promovi esclareça definitivamente a natureza daquelas acusações contra mim, não estarei disponível para integrar qualquer lista candidata a órgãos do Bloco de Esquerda”, diz ainda o deputado.
O parlamentar irá continuar na Assembleia da República com o apoio da direcção do Bloco de Esquerda. “Continuarei a desempenhar todas as minhas actuais funções, na Assembleia da República e na organização partidária, nomeadamente na direcção distrital do Porto e na concelhia de Gaia”, diz.
A denúncia de violência doméstica em causa foi feita pela alegada vítima, Catarina Alves, a 4 de Maio, no Twitter. Na publicação, a ex-namorada do deputado identificou o bloquista como o seu agressor e lamentou não o ter denunciado mais cedo, por recear as consequências. Em causa estão discussões e episódios já com “alguns anos”, que remontarão a 2015 e que alguns militantes e dirigentes bloquistas já teriam conhecimento. Em resposta ao PÚBLICO, Luís Monteiro negou as acusações, afirmou que foi ele a vítima de violência doméstica (sob a forma de violência psicológica) e anunciou que iria apresentar queixa contra Catarina Alves.
Um dia depois de ter sido conhecida a denúncia, o Bloco de Esquerda quebrou o silêncio sobre a acusação de violência doméstica e afirmou (também numa nota) que “mantém a mesma posição em todas as circunstâncias”, vincando que “a violência é inaceitável, as vítimas devem ser protegidas e o recurso à justiça é a forma de apurar factos e punir abusos”.