Depois da Índia, como ajudar o Nepal na crise de covid-19

Com trabalhadores que passam frequentemente a fronteira para a Índia, unidades de cuidados intensivos lotadas e sem oxigénio, o Nepal olha para a crise da covid-19 no país vizinho como uma antecipação das próximas semanas. Como ajudar?

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LUSA/NARENDRA SHRESTHA

A 11 de Maio, o Nepal assinalou 225 mortes e 9317 casos, de acordo com dados do Governo. Com o frágil sistema de saúde do país a entrar em colapso, resistindo com apenas 600 ventiladores, quase inúteis sem o oxigénio, o Ministério da Saúde nepalês já veio pedir auxílio internacional, depois de semanas a dizer que a situação estaria controlada.

O Nepal tem cerca de 30 milhões de habitantes e faz fronteira com a Índia, que também atingiu números de mortes e internamentos recorde. Os profissionais de saúde temem que a devastação no país vizinho seja uma antecipação do que esperar nas próximas semanas.

O número de infecções diárias registadas no país começou a aumentar a meados de Abril, quando os casos reportados começaram a aumentar dos 100 por dia para mais de 9000. Celebrações gigantes, incluindo festivais religiosos e casamentos, controlo lento das fronteiras, elevada mobilidade, menos de um médico por 100 mil habitantes e parco acesso a vacinas são alguns dos ingredientes de um cocktail que se está a provar explosivo, com duras críticas à falta de preparação governamental. Katmandu, a capital nepalesa, está em confinamento durante duas semanas e todos os voos internacionais estão banidos, anunciou o primeiro-ministro K. P. Sharma Oli, citado pela CNN.

Contactar amigos locais e auscultar necessidades

A urgência de angariar botijas de oxigénio fez manchetes internacionais depois de o Governo apelar aos escaladores do Monte Evereste para trazerem as suas botijas vazias, em vez de as abandonarem nas encostas das montanhas.

Em Portugal, Ana Amaro decidiu entrar em contacto com Kumar, o guia com quem manteve contacto após uma expedição ao Evereste. É preciso dinheiro para comprar comida e “encher garrafas de oxigénio para minimizar o sofrimento de quem está na rua a tentar sobreviver”, respondeu-lhe. Com as doações de amigos e familiares fez as primeiras duas transferências para ajudar famílias na comunidade onde o guia trabalha como voluntário, uma tentativa de ajuda que considera “ter um formato eficaz”. 

“As pessoas com quem falei confiaram em mim e disponibilizaram-se imediatamente. Acho que assim é que faz a diferença. O que foi forte foi serem pessoas chegadas, que confiam umas nas outras. Eu sei que o dinheiro não se vai perder. É uma gota de água que não se perde”, diz, ao telefone com o P3.

Distribuir informação

A partir do Nepal, nas redes sociais, a plataforma de voluntários Connect Nepal está a divulgar a informação de pacientes que precisam urgentemente de um lugar nos cuidados intensivos, ao mesmo tempo que tenta ligar pedidos de camas, transporte ou botijas a possíveis ofertas de ajuda.

Ajudar a comprar comida

A Feed The Hungry Nepal está a tentar angariar mais de 40 mil dólares para comprar arroz, lentilhas e sal. Com 3,5 euros, a organização sem fins lucrativos, que surgiu durante a pandemia, consegue “alimentar uma família de cinco meses durante uma semana”, escrevem, na campanha no GoFundMe.

Participar em crowdfundings

Na Global Giving, uma organização que liga organizações sem fins-lucrativos a possíveis doadores e empresas, várias associações promovem crowdfundings para ajudar profissionais de saúde e famílias no Nepal, desde fundos de emergência a campanhas de prevenção.

Muitas associações de solidariedade internacionais estão focadas na Índia, onde o aumento de casos está longe de estar controlado e onde foi detectada uma variante do coronavírus SARS-CoV-2 parece ser mais transmissível.  

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