Não sente nada. Trabalha, e não é pouco, na profissão que escolheu e que devia deixá-la satisfeita e até orgulhosa. Cuida dos filhos e do marido, alimenta-os bem, trata-lhes da roupa, limpa a casa quando e como pode, dá-lhes amor, ou melhor, mimetiza os gestos que vê os outros fazerem na vida ou nos filmes, e que simbolizam afecto. Mantém tudo em ordem, despe-se e deita-se com o marido — apesar de não sentir prazer ou desprazer, nunca se recusou porque sabe que é algo que o faz sentir coisas boas — e, no entanto, apesar da vida preenchida e agitada, não sente nada. Nenhuma emoção boa ou má; sem angústia, sem entusiasmo, sem júbilo. Nada.
O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.