Os antigos campos do Mosteiro de Odivelas serão o novo parque da cidade

Terrenos com oito hectares serão transformados em parque da cidade, continuando com a reabilitação que está a ser feita no Mosteiro de São Dinis e São Bernardo de Odivelas. Implicará um investimento de 11 milhões e estará concluída no final de 2023. “Vamos ter aqui um espaço de cultura, de conhecimento, de desporto.”

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Foram em tempos terrenos ocupados por campos agrícolas, ali mesmo ao lado do mosteiro mandado construir pelo rei D. Dinis no século XIII para receber as monjas da Ordem de Cister. Agora, a Câmara de Odivelas quer devolvê-los à população e transformá-los num parque verde com oito hectares, acompanhando a recuperação que está a ser feita no Mosteiro de São Dinis e São Bernardo de Odivelas. E será a população a escolher o seu nome. 

Será uma “forma de promover a coesão histórica entre Odivelas nova e Odivelas velha” num espaço que conciliará “o património existente do século XIII com a prática desportiva, o lazer”, explica o presidente da Câmara de Odivelas, Hugo Martins, numa conversa com o PÚBLICO prévia à apresentação do projecto, que decorreu na manhã desta terça-feira.

Quando, em 2019, o Mosteiro de Odivelas passou das mãos da Direcção-Geral do Tesouro e Finanças para o município — no âmbito de um contrato de concessão por 50 anos e uma renda mensal de 23.400 euros — foi promovido um processo de consulta pública junto dos munícipes para perceber, afinal, que valências gostariam de ter neste monumento nacional. “Uma das principais propostas foi a criação de um parque da cidade nas traseiras do mosteiro”, diz Hugo Martins. Por isso, a autarquia pôs nas mãos do gabinete de arquitectura paisagista de Francisco Caldeira Cabral e Elsa Severino o desenho deste parque.

O ribeiro que ali passa nos terrenos, abaixo do pavilhão multiusos e do parque multidesportivo Naide Gomes, será central nesta obra onde serão construídos vários núcleos, integrando os elementos patrimoniais existentes: o Claustro das Artes nascerá na antiga casa da puericultura e será uma “praça central”, dedicada às artes e aos seus artistas, com uma área de restauração; o Jardim da Princesa será uma área “mais intimista e romântica”, descreve a autarquia, onde se manterão os seus elementos históricos, como o pequeno templo e o tanque de rega com os seus ornamentos que datam do século XVIII.

A zona mais próxima ao mosteiro será dedicada à Mata do Rei, uma área mais arborizada para passeio e prática de exercício físico, na qual serão preservadas as “árvores seculares e classificadas”, afirma o autarca. Será ainda construído um lago e um riacho com cascatas que, espera a autarquia, sejam abastecidos pelas águas subterrâneas. Já a área mais elevada do parque será como um anfiteatro natural, com passeios pedonais. 

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Uma pérgula atravessará todo o parque, tornando acessível o acesso à piscina, que pertence ao complexo do mosteiro, e será também recuperada para ser fruída pela população. Haverá ainda um palco com 400 metros quadrados, uma praça de restauração, um parque infantil e 435 lugares de estacionamento. Será um investimento de 11 milhões, suportado em parte com fundos comunitários no âmbito do Portugal 2030. 

“Este é talvez o maior investimento feito no concelho até hoje por responsabilidade municipal. Atrever-me-ia a dizer que depois de o metro ter chegado a Odivelas nunca houve um investimento que consignasse um montante tão elevado como o parque da cidade”, nota o autarca. 

Quanto ao nome, este ficará à mercê da criatividade dos munícipes. Quem tiver ideias para baptizar este parque, poderá depois apresentá-las num concurso de ideias que a autarquia lançará. 

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A apresentação feita esta terça-feira teve ainda por base o estudo prévio do que se quer para este parque. Seguir-se-á a elaboração do projecto de execução, depois o lançamento da empreitada, o que, estima Hugo Martins, empurrará a conclusão da obra para o final de 2023, o que coincidirá também com o fim dos trabalhos de requalificação do Mosteiro de Odivelas

Segundo o autarca, “já há muito trabalho feito”. A igreja e o túmulo de D. Dinis estão a ser recuperados, as ossadas do monarca já foram submetidas a um estudo forense e, nesta altura, avançam as também as obras nos claustros, em parceria com a Direcção-Geral do Património Cultural, numa intervenção superior a 800 mil euros, diz o autarca. 

Além deste núcleo museológico, o mosteiro terá duas alas transformadas em residência de estudantes do ISCTE, com cerca de 220 quartos. O Instituto Superior de Ciências Educativas, que alberga a Universidade Sénior de Odivelas, vai também mudar-se para ali, assim como o Conservatório de Música D. Dinis e os seus 600 alunos. 

“Vamos ter aqui um espaço de cultura, de conhecimento, de desporto. Com arte, música, recreio, bem-estar, restauração”, conclui Hugo Martins. 

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