Excursão do Benfica à Madeira durou 45 minutos
Os “encarnados” realizaram uma primeira parte de muito mau nível no Funchal, mas deram a volta ao Nacional e continuam na luta com o FC Porto pelo segundo lugar do campeonato.
“Aqueles jogadores que não têm jogado tanto não perceberam bem o que andavam ali a fazer.” A frase de Jorge Jesus, no final do 31.º jogo da sua equipa na Liga 2020-21, reflecte o que se passou ontem, no Funchal, na primeira parte do Nacional-Benfica. Com uma mão-cheia de habituais titulares benfiquistas no banco, os madeirenses foram superiores nos 45 minutos iniciais, período no qual justificaram a vantagem de um golo, mas, depois de o treinador visitante lançar Pizzi, Grimaldo, Everton, Darwin e Gonçalo Ramos, o jogou mudou. Com três golos a partir do minuto 78 - Pedrão na própria baliza e “bis” de Ramos -, os “encarnados” asseguraram a vitória, que deixa o Nacional mais perto do regresso à II Liga e mantém as “águias” a quatro pontos do FC Porto.
A três jornadas do final do campeonato, Nacional e Benfica entraram no relvado da Choupana conscientes de que muito dificilmente conseguirão atingir os seus objectivos na competição, mas a atitude das duas equipas após o apito inicial mostrou que apenas os madeirenses acreditavam ainda num “milagre”.
Após três boas exibições nas últimas jornadas (V. Guimarães, Sporting e Moreirense), o técnico dos insulares, Manuel Machado, não mexeu na estrutura da sua equipa, fazendo apenas uma troca em comparação com o jogo da última ronda em Moreira de Cónegos - Alhassan substituiu Danilovic.
Já Jesus, habitualmente conservador, transfigurou quase por completo o seu “onze”. De regresso ao esquema de quatro defesas, o técnico benfiquista retirou Diogo Gonçalves, Vertonghen, Grimaldo, Pizzi, Rafa e Everton, lançando Gilberto, Nuno Tavares, Chiquinho, Pedrinho, Cervi e Waldschmidt.
Tirando o jovem defesa esquerdo português, os restantes pareceram formar um grupo de excursionistas, que viajou para a Madeira para apreciar os encantos do Funchal.
Obrigado a vencer, o Nacional ameaçou aos 5’ e, aos 8’, após Helton Leite começar a destacar-se como o único benfiquista na primeira parte com nota positiva, Pedrão aproveitou um desvio para a baliza errada de Seferovic para marcar com a coxa.
A perder, o Benfica continuou a ver jogar e, no final da primeira parte, a estatística era fiel à prestação das duas equipas em campo: o “lanterna vermelha” da I Liga tinha o dobro dos remates do pretendente à vice-liderança (10-5).
Ao intervalo, no entanto, Jesus deu um murro na mesa. Perante a (falta) de atitude dos que “não têm jogado tanto”, fez uma substituição tripla, trocando Pedrinho, Chiquinho e Cervi por Everton, Pizzi e Grimaldo.
No entanto, a mudança do “chip” no Benfica não foi imediata e, pouco depois do recomeço, Helton Leite evitou com uma grande defesa que Otamendi marcasse na própria baliza. Quase de seguida, Nuno Tavares colocou a bola no fundo da baliza madeirense, mas o golo foi anulado por falta evidente de Lucas Veríssimo no início da jogada.
Mesmo sem ser brilhante, o Benfica estava melhor, Jesus continuou a retirar jogadores com rendimento abaixo dos mínimos exigidos (Gilberto e Waldschmidt) e, já com Darwin e Gonçalo Ramos em campo, os “encarnados” colocaram o Nacional KO no jogo e, provavelmente, no campeonato.
No período de apenas três minutos (Pedrão na própria baliza, aos 78’, após boa iniciativa de Everton; Gonçalo Ramos, aos 81’, após assistência de Darwin), o Benfica passou para a frente e, a quatro minutos do fim, foi novamente a dupla Darwin (assistência) e Ramos (golos) a acabar com as dúvidas.