Foram apreendidos 92 cães do Cantinho da Lili, em Gouveia, por não terem “condições”
Animais que a proprietária do canil mantinha num terreno disputado em Moimenta da Serra passaram à guarda da Autoridade Veterinária Municipal. Vinte e dois foram encaminhados para a Associação Midas, dois de raça potencialmente perigosa foram para o Canil Municipal de Seia e os restantes parmaneceram no terrreno.
O Comando Territorial da Guarda passou na quinta-feira, dia 6 de Maio, a guarda de 92 cães sem condições higieno-sanitárias e de habitabilidade de um canil em Gouveia à Autoridade Veterinária Municipal. O P3 confirmou tratar-se do Cantinho da Lili, em Moimenta da Serra.
A fiscalização da GNR, com mandado de busca, surge na sequência da investigação sobre alegados crimes de maus-tratos a animais de companhia pela proprietária do canil, Liliana dos Santos. O resultado foi a apreensão de 92 cães que se encontravam “em instalações em condições de salubridade e sem capacidade para albergar esta quantidade de animais”, lê-se no comunicado da GNR.
No dia 14 de Abril, o Ministério Público deduziu uma acusação de 23 crimes de maus-tratos a animais de companhia contra Liliana dos Santos, depois da sua detenção e do resgate de 23 cães em Setembro de 2020 num terreno em São Paio, Gouveia. A par, a Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) emitiu uma ordem de encerramento para o Cantinho da Lili, em Moimenta da Serra, onde ainda permaneciam cerca de 100 animais, dos quais a dona do canil, alegadamente, não cuidaria diariamente.
Na altura, a proprietária do terreno que alberga o canil, Lurdes Perfeito, disse ao P3 que estaria disponível para manter os animais, se o município e o Ministério Público assim entendessem, necessitando apenas de fazer “um melhoramento” no espaço e contando com o apoio de voluntários, para que se pudessem “promover adopções responsáveis”.
No entanto, segundo a GNR, o Ministério Público decidiu que dos 92 animais — agora à guarda da Autoridade Veterinária Municipal para avaliação do estado de saúde —, 22 fossem encaminhados para a Associação Midas e dois de raça potencialmente perigosa para o Canil Municipal de Seia.
O P3 apurou junto de uma fonte próxima do conflito que os restantes animais estão a ser devidamente cuidados por funcionários da Câmara Municipal de Gouveia no Cantinho da Lili. O espaço foi limpo e os animais já têm comida e água, o que contribuiu para um ambiente mais calmo, sem lutas entre os cães. Já os dois cães de raça pittbull devem sair do centro de recolha na terça-feira e ser entregues a um fiel depositário com formação específica em raças potencialmente perigosas.
A mesma fonte, que não quis ser identificada, adianta que se pretendia que os animais pudessem permanecer no canil, mas as autoridades competentes “alegam a segurança dos animais e decidiram retirá-los”. O processo de adopção dos animais terá de aguardar pela decisão do tribunal sobre as acusações de Liliana dos Santos e, até lá, espera-se que vão sendo “aos poucos colocados em associações de confiança”.
Na página de Facebook do abrigo para animais, a arguida contesta o sucedido na quinta-feira, alegando que “este espaço, ao contrário do outro de onde retiraram 22 cães, tem condições, os cães são tratados todos os dias, medicados, acompanhados por veterinários, voluntários e padrinhos”. “Não sei se os cães estão bem, não cheguei a entrar no abrigo. Hei-de ser chamada para ser ouvida e apresentar as minhas testemunhas que felizmente são dezenas”, acrescenta na mesma publicação.
Liliana dos Santos foi notificada do encerramento do canil a 10 de Abril, mas recorreu a uma providência cautelar provisória para impedir o encerramento e a retirada dos animais pelas autoridades.