Depois das polémicas, os Globos de Ouro vão mesmo mudar
Em Fevereiro, acusações de falta de diversidade entre os membros do corpo votante dos prémios de televisão e cinema levaram a um escrutínio alargado. Agora foram aprovadas mudanças concretas.
Não é que nunca se tivesse falado dos problemas nos Globos de Ouro, a cerimónia em que a Associação de Imprensa Estrangeira em Hollywood (HFPA) premeia anualmente o que considera ser o melhor no cinema e na televisão americanos. Mas em Fevereiro, pouco antes da edição deste ano, o Los Angeles Times publicou uma reportagem sobre a falta de ética e de transparência dos Globos. Elitismo, tráfico de influências, pagamento de viagens e ausência de jornalistas negros no corpo de votantes, para o qual é difícil entrar, foram algumas das acusações que levaram então a um escrutínio redobrado do modo como o evento é conduzido.
Já na própria cerimónia, a menos vista dos últimos 13 anos, houve várias promessas de mudanças. Segundo a Reuters, estas foram finalmente aprovadas esta quinta-feira, por unanimidade. Vai haver, por exemplo, um administrador responsável por garantir a diversidade entre os membros da HFPA, fica definida a preocupação de recrutar jornalistas negros e de escolher este ano pelo menos 20 novos membros, além dos 87 já existentes, e ainda de alargar o escopo dos jornalistas elegíveis, que passarão agora a poder ser residentes em qualquer ponto dos Estados Unidos, e não apenas na Califórnia. O objectivo da HFPA é duplicar o número de membros nos próximos 18 meses.
Por outro lado, os jornalistas vão deixar de poder aceitar itens promocionais dos estúdios e a HFPA terá de disponibilizar uma lista pública de fácil consulta inventariando todos os seus membros, com links para os trabalhos que estes publicam (existem, no site oficial da organização, formas de encontrar a lista, por exemplo em PDF, mas é complicado chegar lá).
A notícia da Reuters cita ainda Ali Sar, o presidente eleito em Agosto, que diz que este “voto esmagador reafirma o compromisso [da HFPA] com a mudança”. “Percebemos que o trabalho duro começa agora. Continuamos dedicados a tornar-nos uma organização melhor e um exemplo de diversidade, transparência e prestação de contas na indústria.”