Rafael Moneo vai receber Leão de Ouro em Veneza pelo conjunto da carreira

O espanhol é “um dos arquitectos mais transformadores da sua geração”, diz o comissário geral da Bienal de Arquitectura de Veneza, Hashim Sarkis. Prémio será entregue a 22 de Maio, dia de abertura da edição deste ano.

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Rafael Moneo Bienal de Veneza

Já tinha o Pritzker (1996), a Medalha de Ouro do RIBA – Royal Institute of British Architects (2003), o Príncipe das Astúrias para as Artes (2013) e o Praemium Imperiale do Japão (2017)… Mas faltava a Rafael Moneo o Leão de Ouro da Bienal de Arquitectura de Veneza. Até esta quarta-feira, dia em que a direcção da instituição italiana anunciou a atribuição ao arquitecto espanhol do prémio, distinguindo uma das carreiras mais notáveis da arquitectura mundial.

“Rafael Moneo é um dos arquitectos mais transformadores da sua geração. Durante a sua longa carreira, manteve sempre uma destreza poética, recordando-nos o poder da forma arquitectónica para expressar, moldar, mas também para perdurar. Além disso, esteve sempre tenazmente comprometido com a arquitectura como um acto de construção”, diz o comunicado da bienal, citando o seu comissário-geral, o libanês Hashim Sarkis.

Moneo, de 83 anos (nasceu em Tudela, província de Navarra, em 1937), vai receber o prémio a 22 de Maio, dia da inauguração da 17.ª edição da bienal – com um ano de atraso relativamente ao inicialmente previsto devido à pandemia da covid-19.

“Para mim, receber o Leão de Ouro é o maior dos presentes, tendo eu participado em tantas bienais ao longo da minha vida, e sabendo como se trata de uma peregrinação essencial para quem ama a arquitectura”, respondeu Moneo à notícia do prémio, segundo o diário El País.

No comunicado da bienal, a direcção refere algumas das obras mais conhecidas e aplaudidas da longa carreira do arquitecto espanhol, como o Auditório Kursaal, em San Sebastian, a ampliação do Museu do Prado e a Estação de Caminho de Ferro de Atocha, em Madrid, ou a Catedral de Los Angeles, em que o autor “pôs em evidência a capacidade de cada projecto arquitectónico responder às contingências do lugar e do programa, transcendendo-os”.

“Como educador, [Moneo] orientou sempre com grande rigor várias gerações para a vocação da arquitectura. Como académico, combinou a sua visão única e o seu rigor analítico para reinterpretar alguns dos edifícios históricos mais canónicos sob um olhar novo. Como crítico da arquitectura contemporânea, escreveu sobre fenómenos emergentes e projectos-chave, tendo estabelecido alguns dos diálogos mais importantes com colegas de todo o mundo”, diz ainda o comunicado.

Na bienal, em paralelo com a atribuição do prémio, Hashim Sarkis vai ainda celebrar a obra de Moneo com uma pequena exposição no Pavilhão do Livro, nos Giardini, que incluirá uma selecção de maquetas e fotografias de alguns dos seus projectos mais relevantes.

Recorde-se que Rafael Moneo venceu, em Veneza, há três décadas, o concurso internacional para o Palácio do Cinema e, em parceria com Álvaro Siza, participou na década de 1980 no desenho de um complexo de habitação social na Giudecca – trabalho que foi, de resto, o tema da representação portuguesa na edição da bienal de 2016, com o projecto Neighbourhood – Where Alvaro meets Aldo, comissariado por Nuno Grande e Roberto Cremascoli.

Este ano, na 17.ª edição do evento, para a qual Hashim Sarkis propôs a pergunta-tema Como vamos viver juntos?, Portugal vai estar representado com o programa In Conflict, da responsabilidade do atelier portuense depA.

A notícia da atribuição do Leão de Ouro de Carreira a Rafael Moneo surge depois de a bienal ter também decidido, no início de Março, distinguir a título póstumo a obra da arquitecta italo-brasileira Lina Bo Bardi com um Leão de Ouro Especial.

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