Um raro dia de alívio num pesadelo com 14 meses
Os portugueses foram capazes de resistir e ultrapassar uma realidade terrível em três meses. Sem o deslumbramento que nos leva à vacuidade ou o complexo de menoridade que nos deprime, esta terça-feira foi um dia bom
Acabou o estado de emergência. Muito mais do que o fim de uma série de medidas cerceadoras da liberdade individual e comprometedoras da recuperação económica, o que a declaração do Presidente da República implica em primeiro lugar é um reconhecimento e um prémio. Depois de terem vivido os terríveis dias do final de Janeiro, os portugueses foram capazes de perceber o perigo e reagir em conformidade, dando uma resposta “corajosa e disciplinada”, como disse Marcelo Rebelo de Sousa, às suas ameaças. A sua acção foi, obviamente, enquadrada pelas restrições, pela coacção das leis e pelo medo do vírus, mas os números de infecções dos últimos dias, que contrariam o estado de alarme da maior parte dos países europeus, são também o reflexo das suas escolhas e da sua responsabilidade. Se depois do Natal havia motivos para a autoflagelação, depois da Páscoa há razão para a auto-estima.
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