Casos de infecção só crescem no grupo etário entre os dez e os 20 anos

O grupo etário entre os dez e os 20 anos é o único que apresenta uma incidência mais alta depois do desconfinamento. Ainda assim, a reabertura das escolas faseada foi “positiva” e incidência ficou “aquém” do regresso às aulas de 2020.

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Nuno Ferreira Santos

A incidência em Portugal tem diminuído em todos os escalões etários desde o início do desconfinamento. A excepção é o grupo entre os dez e os 20 anos, que regressou às escolas, e que tem registado um aumento de incidência. Paredes, Paços de Ferreira e Penafiel são os três concelhos do Norte que mais preocupam a DGS.

Na primeira intervenção da reunião de peritos na sede do Infarmed, em Lisboa, esta terça-feira, o especialista da Direcção-Geral da Saúde (DGS) André Peralta Santos afirmou que “na última semana, pela densidade populacional e número de habitantes, o crescimento [da incidência do vírus] na zona de Paredes, Paços de Ferreira e Penafiel causa alguma preocupação”, situação que será acompanhada pelas autoridades competentes.

“Uma boa notícia: há inversão de tendência no município de Odemira, que tinha uma incidência muito expressiva e que, apesar de a incidência continuar elevada, iniciou já uma inversão de tendência”, acrescentou ainda.

A incidência é “muito menor”, dez vezes menor, em relação ao pico da pandemia em Portugal, realçou André Peralta Santos. “Houve um aumento da intensidade de testagem”, especialmente nos concelhos com maior incidência, que “testam mais”, explicou o especialista da DGS. No que diz respeito à taxa de positividade, encontra-se abaixo do valor de referência de 4%, o que caracteriza como “muito positivo”. 

O especialista referiu ainda que se reforçou a testagem nas faixas etárias mais jovens, entre os 15 e os 21 anos. “É de notar, nesta população mais jovem, uma positividade muito baixa, acrescentou, dizendo que deve ser enquadrada no esforço de rastreio.

Pessoas com mais de 80 anos são “o grupo mais protegido”, mas “todos os grupos etários estão abaixo da incidência” do início do desconfinamento, excepto o grupo dos dez aos 20, “ligeiramente acima”. 

Abertura das escolas foi “positiva” e incidência ficou “aquém” da reabertura de 2020

Apesar do aumento de casos em idade escolar e comparando-se o regresso dos alunos às escolas em Setembro/Outubro de 2020 e em Março/Abril de 2021, nota-se uma “diferença na intensidade das taxas de incidência”: “Os níveis de incidência nestes grupos etários são menores do que no início da abertura do ano escolar em 2020”, garantiu o especialista Baltazar Nunes na reunião do Infarmed. A tendência aumentou em alguns grupos etários, mas “está muito aquém do aumento e incidência” da abertura das escolas de 2020 – o que “mostra que há um resultado bastante positivo” resultante da reabertura faseada. Estes dados são relativos até dia 16 de Abril.

O aumento da incidência observa-se sobretudo na faixa etária entre os dez e os 20 anos, “mas dos 20-30 anos para a frente não existe diferença entre estas duas [últimas] quinzenas” – se existir, será de decréscimo ligeiro, afirmou o epidemiologista Baltazar Nunes, do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA). Acima dos 80 anos, verifica-se um decréscimo, possivelmente devido à vacinação. Há uma “redução da incidência acentuada na população acima dos 65 anos” – o que é um “bom sinal”, afirma. O R(t) está muito próximo de um, menos no Norte, em que está acima.

Os resultados sugerem “uma situação epidemiológica controlada” – “mas, até atingirmos uma cobertura vacinal mais elevada, é importante manter o controlo da epidemia”. É importante manter o aumento da testagem, isolamento de casos, rastreio de contactos, manutenção das medidas preventivas e redução do número de contactos com pessoas fora da “bolha” familiar, concluiu o epidemiologista do INSA.

Ocupação dos cuidados intensivos abaixo das 100 camas

As hospitalizações têm uma tendência “ligeiramente decrescente” e a ocupação das unidades de cuidados intensivos (UCI) baixou das 100 camas ocupadas, um factor “manifestamente positivo”, segundo André Peralta Santos.

O especialista da DGS avançou ainda que se nota uma “tendência de decréscimo muito acentuado” nos idosos com mais de 80 anos hospitalizados, devido ao esforço de vacinação. O grupo etário dos 50 aos 79 anos é o que tem, actualmente, uma maior ocupação nas UCI.

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