Eleições em Madrid: Ayuso ainda precisa do Vox, Más Madrid ameaça PSOE

Nova sondagem confirma vitória de Ayuso e a maioria de uma aliança do PP com a extrema-direita, mas abre a porta a uma possível surpresa à esquerda, com o partido de Errejón a aproximar-se dos socialistas.

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A únia dúvida para Ayuso é a dimensão da sua vitória a 4 de Maio David Fernandez/EPA
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Sánchez tem participado na campanha de Gabilondo mas o PSOE está a descer nas sondagens Chema Moya/EPA
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Os resultados de Monica García e do Más Madrid podem vir a ser a maior surpresa das eleições Javier Lopez/EPA

Falta uma semana para as eleições na comunidade de Madrid e a sondagem do instituto Metroscopia para o El País não traz grandes novidades à direita: a já presidente da região, Isabel Díaz Ayuso, verá compensada a decisão de antecipar a votação, obtendo uma vitória clara, apesar de continuar a precisar dos votos da extrema-direita para governar. O estudo traz uma novidade – a possibilidade de o PSOE ser ultrapassado pelo Más Madrid – e alguns paradoxos, como o facto de o socialista Àngel Gabilondo ser o líder mais bem avaliado sem possibilidades reais de vencer.

A dinâmica de vitória da direita é imparável, com Díaz Ayuso a duplicar os seus resultados de 2019 (eleições em que perdeu para Gabilondo mas conseguiu apoios para chegar à maioria) e a conquistar 53% dos votos obtidos nas últimas eleições pelo Cidadãos, partido da direita que quis ocupar o centro e que todos os inquéritos antecipam que não chegará aos 5% necessários para entrar na assembleia de Madrid.

Ayuso reúne ainda 33% das preferências do que antes votaram no Vox e chega assim aos 41,3%, com 59 eleitos. Confirmando o quarto lugar, o partido extremista liderado por Santiago Abascal surge com 9,4% e 13 deputados. No conjunto, os dois partidos da direita ultrapassam os 69 precisos para a maioria, somando 72.

Esta dinâmica parece ajudar a explicar o fenómeno mais interessante à esquerda, com a subida do Más Madrid, movimento formado em redor da ex-presidente da câmara da capital, Manuela Carmena (que interrompeu brevemente a liderança de décadas do PP na região e na autarquia), e que em 2019 foi apoiado pelo fundador do Podemos Iñigo Errejón.

No conjunto dos eleitores, 48% deseja mudança mas 69% não acredita que aconteça, ou seja, a esquerda está resignada. “Isso explica parte da subida do Más Madrid: como as pessoas não vêem a expulsão do PP do poder como exequível autorizam-se a votar no candidato de que mais gostam”, sugere Andrès Medina, director-geral do Metroscopia. Ayuso beneficia do voto útil, Gabilondo não.

O partido de Errejón continua atrás dos socialistas, em terceiro lugar, com 17,6% e 27 deputados, enquanto a lista encabeçada por Gabilondo reúne 19,7% das intenções de voto, o que corresponde a 28 eleitos. Mas ao contrário do Más Madrid, que está a crescer, o PSOE está a descer, tendo perdido 8,7 pontos desde o anúncio das eleições, a 10 de Março, e enfrentando a possibilidade de vir a ter o seu pior resultado na região.

Ainda assim, Gabilondo continua a ser o líder mais bem avaliado entre os cidadãos, com 53% de aprovação, à frente de Ayuso, cuja actuação é aprovada por 49% dos inquiridos.

Segue-se, com 47%, Mónica García, que era uma das candidatas menos conhecidas no início da campanha. A médica que lidera a lista do Más Madrid foi a mais bem avaliada pelo eleitorado de esquerda no debate da Telemadrid e até entre os eleitores do Podemos é mais bem avaliada do que o seu líder, e candidato, Pablo Iglesias – são 83% os apoiantes do Podemos que aprovam a sua prestação. O partido prova assim que é capaz de sobreviver sem Carmena, ao mesmo tempo que aguenta o esperado “efeito Iglesias”.

Iglesias, que surpreendeu os espanhóis anunciando que abandonaria a vice-presidência do Governo de Pedro Sánchez para ser o candidato do Unidas Podemos, tem de contentar-se em salvar o seu partido, garantindo que não fica sem representação na assembleia de Madrid, como alguns inquéritos chegaram a admitir. Isto quando se lançou na corrida na expectativa de vir a liderar uma aliança de esquerda. A confirmarem-se os dados deste inquérito, o Podemos inverteria pelo menos a tendência de descida, conseguindo 7,8% (teve 5,6% em 2019) e onze deputados.

Apesar de permanecer a dez lugares da maioria absoluta, Ayuso pode percorrer a última semana de campanha absolutamente segura: segundo os cálculos da Metroscopia, a probabilidade de que PP e Vox somem maioria absoluta a 4 de Maio é de 87%, enquanto a probabilidade de o mesmo ser alcançado pelo conjunto dos partidos de esquerda não passa dos 9%.

Ayuso, que governou em coligação com o Cidadãos, mas já com o apoio parlamentar do Vox, sugeriu várias vezes estar confortável com a opção de se unir à extrema-direita. Uma escolha que agora começa a surgir com inevitável e que marcará a estratégia do PP, assinalando o fim de um curto virar de costas ao Vox por parte do líder nacional do partido, Pablo Casado.

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