Chade: dois mortos em protestos contra o Conselho Militar, agora sem apoio de Macron

Os manifestantes desafiaram a proibição de protestos imposta pelo Exército. Presidente de França denunciou a repressão e apelou a uma transição civil.

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Protestos contra o Conselho Militar eclodem na capital e noutros centros urbanos MOUSSA NGUEDMBAYE/Reuters

Pelo menos duas pessoas morreram nas duas principais cidades do Chade e 27 ficaram feridas, esta terça-feira, em confrontos entre as forças de segurança e manifestantes, que exigem o retorno do Governo civil. No mesmo dia, Emmanuel Macron, Presidente francês, mudou o seu apoio do Conselho Militar para um Governo civil até se realizarem as eleições previstas dentro de 18 meses.

Após a morte do pai, Mahamat Déby assumiu a liderança do país e do Conselho Militar de Transição, apesar das acusações de “golpe de Estado”. O Exército anunciou a intenção de supervisionar a transição e, na segunda-feira, apontou Albert Pahimi Padacke como primeiro-ministro do Governo civil.

Ainda assim, os militares cercaram a casa do político da oposição Dinamou Daram, relata a Reuters, e, no domingo, rejeitaram negociar com os rebeldes da Frente para a Alternância e Concórdia no Chade (FACT, na sigla francesa), cuja ofensiva resultou na morte do antigo Presidente.

A resistência ao conselho tem aumentado e, em vários centros urbanos do país, foi desafiada a proibição às manifestações, imposta durante o período de luto nacional pela morte de Idriss Déby. Em vários locais foram mesmo queimados pneus e bandeiras de França - considerada apoiante do Conselho Militar.

“Não queremos que o nosso país se torne uma monarquia”, disse o manifestante Mbaidiguim Marabel, citado pela Reuters, acrescentando que o exército "deve voltar ao quartel para abrir caminho à transição civil”.

As forças de segurança têm patrulhado as cidades e reprimido os protestos, enquanto limitam “os danos materiais”. Segundo a Reuters, os militares usaram gás-pimenta para dispersar centenas de pessoas na capital. E várias publicações nas redes sociais alegam que foram usadas balas reais em alguns locais, afirmação que a agência não conseguiu verificar.

À medida que a população e a comunidade internacional têm apelado a uma transição civil, também a França, antiga potência colonial do país, transferiu o seu apoio do Conselho Militar para um Governo civil - com a realização de eleições no espaço de 18 meses - e condenou o uso da força contra os manifestantes.

Macron prestou homenagem a Idriss Déby e afirmou, esta terça-feira, ser “a favor de uma transição pacífica, democrática e inclusiva” e não “de um plano de sucessão”, lê-se na Reuters. “A França nunca irá apoiar os defensores desse projecto”, continuou o Presidente francês, numa aparente crítica ao filho de Déby.

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