O colapso que não aconteceu
O debate que ocorre esta terça-feira no Parlamento Europeu servirá para avaliar se, para os europeus da União, também já chegou o momento de deixar para trás a acrimónia e um certo espírito revanchista visível em Bruxelas e em algumas capitais, que (quase) desejava o pior ao antigo parceiro.
1. “O colapso do comércio entre o Reino Unido e a União Europeia depois do primeiro dia de Janeiro foi amplamente anunciado”, escreve Wolfgang Munchau no site Eurointelligence, que dirige. O que não foi amplamente anunciado, continua o colunista, é que as exportações do Reino Unido já recuperaram quase totalmente. Cresceram em Fevereiro 46,6 por cento, depois de terem caiado 42 por cento em Janeiro. Munchau também refere as previsões económicas mais recentes do FMI, que revelam um efeito macroeconómico desprezível do “Brexit” nos primeiros 10 anos depois do referendo de 2016. Em 2020, a queda da economia britânica foi mais acentuada que a da zona euro, mas será compensada já este ano com uma previsão de crescimento maior. Claro que os indicadores mensais são voláteis e serão precisos alguns meses para avaliar melhor o efeito da saída no comércio de bens. Numa perspectiva de mais longo prazo, a economia britânica, a quinta maior do mundo, pagará um preço por deixar de poder operar com a mesma liberdade no Mercado Único ou, eventualmente, na capacidade de atracção do investimento. Mas as previsões mais negativas falharam.
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