Primeiro-ministro da Arménia apresenta demissão
Contestado pela gestão do conflito em Nagorno-Karabakh, Pashinyan vai exercer o cargo de forma interina até às eleições antecipadas, agendadas para Junho.
O primeiro-ministro da Arménia, Nikol Pashinyan, apresentou este domingo a sua demissão e marcou eleições antecipadas para o dia 20 de Junho. Manter-se-á no cargo, de forma interina, até lá.
O anúncio da demissão, feito através de um vídeo publicado no Facebook, é o culminar de vários meses de contestação popular e política, por causa da forma como Pashinyan geriu a última guerra do conflito prolongado no enclave de Nagorno-Karabakh, com o Azerbaijão.
No ano passado, os dois países envolveram-se nos confrontos mais graves e mortíferos na região desde o final da guerra travada em 1994 e que causou mais de 30 mil mortos.
Em Novembro, ao fim de seis semanas de conflito, arménios e azerbaijanos assinaram um acordo de cessar-fogo, mediado pela Rússia, no qual a Arménia aceitou a perda de extensas porções de território onde residiam cidadãos de ascendência arménia para o Azerbaijão.
O acordo foi recebido pela opinião pública arménia como uma “humilhação” e uma “derrota” frente ao Azerbaijão e, nos meses seguintes, Pashinyan mostrou-se incapaz de ultrapassar politicamente essa contestação.
“Estou a devolver aos cidadãos da Arménia o poder que eles me deram, para que decidam o destino do Governo através de eleições livres e justas”, explicou Pashinyan, no comunicado ao país, acrescentando que pretende concorrer novamente ao cargo e esclarecendo que o vai ocupar de forma interina até à data das eleições.
A demissão acontece um dia depois de o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ter declarado que o massacre de cerca de 1,5 milhões de arménios em 1915 foi um “genocídio”, cometido pelas forças do Império Otomano – o Estado antecessor da actual Turquia.
Numa carta enviada a Biden no sábado, Pashinyan saudou a “decisão histórica” do líder norte-americano e sublinhou que a mesma consubstancia também uma questão securitária para a Arménia, uma vez que a Turquia apoia o Azerbaijão no conflito do Nagorno-Karabakh.
Nikol Pashinyan, um antigo jornalista, chegou ao poder em 2018, depois de liderar protestos massivos pró-democracia nas ruas de Erevan e outras cidades arménias, motivados pela decisão do então Presidente, Serzh Sarkisian, de deixar o cargo para se tornar primeiro-ministro.