A “estrelinha” do Sporting em Braga foi Matheus
“Leões” venceram, com um golo do médio brasileiro, um jogo que disputaram em inferioridade numérica desde os 18 minutos. Vantagem sobre o FC Porto é agora, provisoriamente, de sete pontos.
Há não muito tempo, Matheus Nunes trabalhava numa pastelaria da Ericeira ao mesmo tempo que mantinha o seu sonho no futebol. Passou pelo Estoril, mudou-se para o Sporting e foi um dos primeiros que Rúben Amorim resgatou para a equipa principal. Frederico Varandas disse que só ele iria pagar o investimento alto no treinador e, se o Sporting acabar por ser campeão, o jovem médio brasileiro terá tido um contributo decisivo. Foi dele o golo que permitiu aos “leões” baterem, em inferioridade numérica, o Sp. Braga em jogo da 29.ª jornada (0-1) e evitar nova perda de pontos face à concorrência. O líder tem agora sete de avanço sobre o FC Porto, que defronta hoje o Moreirense, enquanto os bracarenses ficaram matematicamente afastados do título e podem perder terreno na luta pela Champions.
A cumprir o seu terceiro jogo de castigo, longe do banco, Rúben Amorim fez acertos de pormenor em relação ao plano da jornada anterior, com os regressos de Feddal para a defesa e Nuno Santos para o ataque, nos lugares de Matheus Reis e Tiago Tomás, enquanto Carlos Carvalhal não mudou absolutamente nada da equipa que tinha vencido no Bessa a meio da semana — estava, no entanto, mais limitado nas opções ofensivas, sem contar com Sporar, emprestado pelo adversário deste domingo.
Os primeiros minutos foram de encaixe táctico, como se previa, com algum ascendente dos minhotos, que deixavam o Sporting manter a bola, mas não o deixavam avançar com ela. E os “leões”, amarrados no seu próprio meio-campo, só criavam alguns problemas em lances de bola parada. O melhor que conseguiram foi um canto de Porro, aos 14’, em que Paulinho desviou ao primeiro poste sem que ninguém aparecesse para a emenda. Logo a seguir, foi Abel Ruiz quem apareceu na cara de Adán, mas o espanhol do Sporting saiu-se bem e obrigou o espanhol do Sp. Braga a mudar de rota para longe da baliza.
As circunstâncias do jogo mudaram totalmente aos 18’. Numa aproximação do Sp. Braga, ainda longe da baliza dos “leões”, Gonçalo Inácio fez uma falta sobre Galeno. Artur Soares Dias entendeu que o lance era merecedor de cartão amarelo e, como o jovem central do Sporting já tinha visto um aos 10’, por falta sobre Gaitán, foi expulso.
Se foi, ou não, estratégia de Carvalhal em apontar a Inácio como o elo mais fraco da defesa adversária, a verdade é que os jogadores bracarenses carregaram sobre ele e isso deixou o Sporting condenado a jogar com menos um. Os minhotos tentaram aproveitar de imediato a confusão do adversário em inferioridade numérica, até porque não haveria melhor altura para o fazer, antes que viesse o intervalo e Rúben Amorim pudesse fazer os ajustes necessários.
O Sporting entrincheirou-se à volta da sua baliza e o Sp. Braga fez o cerco. Fransérgio teve uma boa hipótese aos 38’, mas Adán desviou e, logo a seguir, foi Galeno, de posição difícil, a obrigar o espanhol a nova defesa apertada. Mas o Sporting, liderado por um intratável Coates, pareceu sempre confortável a aguentar, enquanto esperava pela sua oportunidade.
E foi essa a mensagem que Amorim passou com as mudanças que fez ao intervalo — as entradas de Neto e Matheus Nunes para os lugares de Nuno Santos e Paulinho. Foi uma segunda parte toda assim. Os minhotos a atacarem sem grande inspiração, os “leões” a justificaram o estatuto de melhor defesa do campeonato. Coates cortou tudo o que apareceu na sua zona de acção e o que passou morreu nas mãos de Adán.
E assim chegámos aos 81’. O Sporting beneficiou de um livre a meio-campo. Porro movimentou para o lado direito, Matheus Nunes arrancou, passou pela linha defensiva do Sp. Braga (toda desligada) e, no duelo com o Matheus que estava na baliza minhota, fez o 0-1.
Tal como acontecera na primeira volta e no confronto com o Benfica, o jovem brasileiro foi absolutamente decisivo e manteve a liderança do Sporting a salvo de qualquer ataque.