EMA recomenda dar a segunda dose da vacina da AstraZeneca a quem tomou a primeira

Após uma segunda avaliação, a Agência Europeia de Medicamentos concluiu que os benefícios da vacina da AstraZeneca, em todos os grupos etários, continuam a superar os riscos e potenciais efeitos secundários

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Rui Gaudencio

A Agência Europeia dos Medicamentos (EMA, na sigla em inglês) recomendou esta sexta-feira que as pessoas que receberam a vacina da Astrazeneca façam a segunda dose com a mesma vacina, após uma nova avaliação deste fármaco. Esta era uma das questões que os Estados-membros da União Europeia tinham pedido à EMA para esclarecer de maneira a poderem definir a estratégia de vacinação.

Portugal não tomou ainda uma decisão sobre que regra aplicar no caso das pessoas que já foram vacinadas com a primeira dose da AstraZeneca e têm menos de 60 anos.

A administração da vacina da AstraZeneca foi restringida na maior parte dos países da União Europeia depois de a EMA ter admitido uma “possível ligação” entre a toma do fármaco e casos raros de coágulos sanguíneos com redução acentuada de plaquetas. Em Portugal, a vacina da AstraZeneca passou desde então a ser administrada apenas a pessoas a partir dos 60 anos.

Após esta segunda avaliação realizada a pedido da Comissão Europeia, a Agência Europeia de Medicamentos defendeu que os benefícios, em todos os grupos etários, continuam a superar os riscos e potenciais “efeitos colaterais”, como a ocorrência de tromboses com baixa acentuada de plaquetas. A frequência estimada deste tipo de eventos é de cerca de 1 por 100 mil pessoas vacinadas, especificou a agência, em comunicado.

Em conferência de imprensa, o director executivo adjunto da EMA, Noel Wathion, explicou que a avaliação incidiu em duas questões: a eficácia e segurança da vacina da AstraZeneca nos diferentes grupos etários e se seria ou não aconselhável dar a segunda dose a quem já recebeu a primeira.

Relativamente à segunda dose, Noel Wathion afirmou que os dados disponíveis até à data indicam que esta deve ser administrada "entre quatro a 12 semanas após a primeira”. E notou que, “para as pessoas que não vão receber uma segunda dose da Vaxzevria [novo nome comercial do fármaco da AstraZeneca], não há informação disponível sobre alternativas”.

“A informação disponível até este momento sustenta que deve continuar a ser dada a segunda dose da vacina Vaxzevria entre quatro e 12 semanas após a primeira toma, em linha com a informação de produto. A informação disponível não defende atrasar ou evitar a segunda dose da vacina”, sintetizou.

No comunicado, a EMA lembra que ainda não há “suficiente exposição e tempo de seguimento para determinar se o risco de coágulos sanguíneos com plaquetas baixas após uma segunda dose será diferente do risco após a primeira dose”. Até ao momento, acrescenta, não há dados ou “os dados são limitados para alterar as actuais recomendações”.

Na conferência de imprensa, Peter Arlett, coordenador da divisão de análise de informação e métodos da EMA, enfatizou que a vacina da AstraZeneca “é altamente eficaz” a evitar hospitalizações e morte por covid-19 e acentuou que os efeitos da vacinação são visíveis em todas as faixas etárias observadas nos estudos de avaliação conduzidos nas últimas semanas.