Norte é a única região com R(t) acima de 1. Transmissibilidade com “tendência decrescente”

Incidência da covid-19 em Portugal é de 74 novos casos de infecção por 100 mil habitantes, nos últimos 14 dias. Valor do R(t) indica “uma tendência decrescente”, pelo que a incidência poderá chegar aos 60 casos por 100 mil habitantes no prazo de um a dois meses.

O Norte é actualmente a única região de Portugal continental que regista um R(t) — índice de transmissibilidade do novo coronavírus — acima de 1 (com 1,07), de acordo com o relatório de monitorização das linhas vermelhas para o desconfinamento, divulgado esta sexta-feira pela Direcção-Geral da Saúde (DGS) e pelo Instituto Nacional Doutor Ricardo Jorge (INSA). Já a região com um valor de R(t) mais baixo é o Algarve (0,88).

O número de novos casos de infecção por 100.000 habitantes, nos últimos 14 dias, foi de 74, “com tendência estável a nível nacional”, refere também o documento. O Algarve é a região de Portugal continental que apresenta uma incidência mais elevada, com 112 casos por cem mil habitantes, seguindo-se o Alentejo (83), o Norte (81), Lisboa e Vale do Tejo (64) e o Centro (43).

A incidência mais elevada foi observada na faixa etária entre os 30 e 35 anos (122 casos por cem mil habitantes) e a mais baixa foi registada nos idosos com mais de 85 anos (36), “o que reflecte um risco de infecção muito inferior ao risco da população em geral”.

O R(t) fixou-se em 0,98 a nível nacional — o que corresponde a uma diminuição face ao último balanço da semana passada (1,05) —, apresentando valores inferiores a 1 nas várias regiões de saúde do continente, com excepção do Norte. Este valor foi calculado por data de início de sintomas para o período de 14 a 18 de Abril.

Segundo o relatório, “tanto a nível nacional como a nível das regiões de saúde do continente observou-se um aumento paulatino do valor do R(t) entre meados do mês de Fevereiro e o início de Abril”. Por outro lado, “desde o dia 9 de Abril observou-se uma redução da estimativa do R(t), de 1,08 para 0,98, indicando uma inversão da tendência da incidência de infecção por SARS-CoV-2 para decrescente”. Nos últimos dias, o R(t) “parece ter estabilizado”.

A DGS e o INSA destacam ainda que “considerando o valor de R(t) médio dos últimos cinco dias, que indica uma tendência decrescente, poderá atingir-se a incidência de 60 casos por 100 mil habitantes no prazo de um a dois meses”.

Quanto ao número diário de casos de covid-19 internados em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) no continente observa-se actualmente “uma tendência ligeiramente decrescente a estável, encontrando-se abaixo do valor crítico definido” (de 245 camas ocupadas). Os grupos etários com maior número de internados em UCI com a doença são os dos 60 aos 69 anos e dos 70 aos 79 anos.

“A análise global dos diversos indicadores sugere uma situação epidemiológica com transmissão comunitária de moderada intensidade e reduzida pressão nos serviços de saúde”, conclui o documento.

Variante do Reino Unido representa 82,9% dos casos

No que diz respeito à testagem, a proporção de testes positivos para SARS-CoV-2 a nível nacional, entre 15 e 21 de Abril, foi de 1,3%, valor inferior ao limite definido de 4%. Nos últimos sete dias, foram realizados um total de 365.241 testes de diagnóstico à covid-19, tendo-se registado um aumento no número de testes feitos e uma diminuição na proporção de positivos.

O relatório refere ainda que “a proporção de casos confirmados notificados com atraso mantém a tendência decrescente” (encontrando-se abaixo do limiar de 10%) e que, nos últimos sete dias, todos os casos de infecção pelo novo coronavírus foram isolados em menos de 24 horas após a notificação e rastreados e isolados 89,3% dos seus contactos.

Relativamente às variantes do SARS-CoV-2, com base na sequenciação genómica de amostras recolhidas entre 28 de Fevereiro e 15 de Março, estima-se que a variante B.1.1.7 (associada ao Reino Unido) tenha uma prevalência de 82,9% — à semelhança do divulgado na semana passada —, o que representa um total de 907 em 1094 casos. Segundo o INSA, a presença desta variante foi inferior no Norte (71,4%) e mais elevada no Algarve (94%) e na Madeira (94,2%). Apesar disso, o instituto denota que “estas estimativas têm por base números absolutos reduzidos pelo que podem sofrer oscilações semanais.”

O relatório nota ainda que, até 20 de Abril, foram identificados 54 casos da variante B.1.351 (associada à África do Sul), cuja prevalência estimada em Março foi de 2,5%, e confirmados 29 casos da variante P.1 (associada a Manaus, Brasil), cuja prevalência estimada foi de 0,4%. Até 23 de Abril, foi realizada a sequenciação genómica em 6017 amostras.

Sugerir correcção
Comentar