Projectos de gás em Cabo Delgado serão retomados assim que a segurança fôr garantida
Petrolífera francesa Total interrompeu trabalhos de construção das unidades de liquefacção depois do ataque de 24 de Março à vila de Palma.
O Governo moçambicano declarou esta quarta-feira que a construção de infra-estruturas de produção de gás natural na província de Cabo Delgado será retomada logo que haja garantias de segurança nesta província do norte do país, sem indicar uma data.
“Assim que estiver garantida a segurança das pessoas e bens das áreas afectadas pelo terrorismo em Cabo Delgado e em particular na zona da sua implantação, as empresas irão retomar os trabalhos de construção das primeiras duas unidades de liquefacção de gás natural do Projecto Golfinho/Atum”, para produção de 12 milhões de toneladas por ano, disse o ministro das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos, João Machatine.
O governante falava na Assembleia da República, em nome do ministro dos Recursos Minerais e Energia, Max Tonela, em resposta a perguntas das bancadas parlamentares sobre o ponto de situação dos projectos de gás natural.
O ano de 2024 tem sido apresentado como o momento de arranque do projecto liderado pela multinacional francesa Total, mas a petrolífera deixou Cabo Delgado e interrompeu por tempo indeterminado as obras na sequência do ataque, em 24 de Março, por grupos armados, à vila de Palma, a cerca de seis quilómetros da península de Afungi, a zona do empreendimento. Na resposta aos deputados, João Machatine manifestou optimismo sobre o relançamento dos projectos, mas sem entrar em detalhes.
A multinacional francesa, negou, no entanto, que esteja a pensar deslocar as suas instalações para tratamento do gás natural liquefeito para as ilhas Maiote, território ultramarino francês a cerca de 600 km ao largo da costa de Palma. Aliás, a Total diz que decidiu “manter os equipamentos no local, como sinal de que não pretende transferir-se para outros pontos, como as ilhas Maiote”.
Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde Outubro de 2017, sendo alguns ataques reclamados por grupos jihadistas com alegadas ligações ao Daesh, numa onda de violência que já provocou mais de 2.500 mortes, segundo números apurados pelo projecto de registo de conflitos ACLED, e 714.000 deslocados, de acordo com o Governo moçambicano.