Navio científico construído em Portugal lançado ao mar

A embarcação servirá de apoio ao teste e à validação de tecnologias inovadoras para uso marítimo.

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A embarcação Mar Profundo DR

A embarcação Mar Profundo, orçada em 869.000 euros, foi lançada esta quarta-feira ao mar em Vila Real de Santo António, nos estaleiros navais da empresa Nautiber, que construiu o navio por encomenda do INESC TEC – Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência. Esta embarcação servirá para validação e teste de tecnologias marítimas.

Eduardo Silva, investigador do INESC TEC, explicou que a embarcação tem 19 metros de comprimento e sete de largura, ainda vai para fase de acabamentos, mas o lançamento ao mar realizado agora teve “um significado e vai permitir dar um salto muito grande na investigação científica e tecnológica” no mar.

“Este navio é para validar e testar o desenvolvimento de tecnologia no mar, não é um navio oceanográfico”, frisou o investigador, precisando que a embarcação permitirá testar “se o que foi feito no laboratório está ou não funcional” no mar, embora possa também dar “apoio na oceanografia” e a outras entidades ligadas à investigação e desenvolvimento científico.

Eduardo Silva exemplificou que o INESC TEC conta com um tanque, mas a embarcação vai agora permitir fazer testes em cenário real, com computadores de bordo, sensores, duas plataformas para aceder ao mar ou grua, que permitirão testar, por exemplo, veículos robóticos que têm de operar no mar ou detectar minerais no fundo marinho.

“Esta obra tem um significado muito especial, é uma infra-estrutura científica construída por uma empresa portuguesa e isso não pode ser esquecido, particularmente no dia de hoje, que é o dia internacional da inovação e da criatividade”, afirmou por sua vez Manuel Heitor, ministro da Ciência e Tecnologia, antes do lançamento bem-sucedido da embarcação à água.

O ministro, considerando que esta colaboração deve ser replicada por outras empresas e instituições portuguesas, recordou que Portugal entra numa “nova fase” com o “novo plano de recuperação e resiliência” e afirmou que a colaboração demonstrada neste projecto “é o verdadeiro exemplo” de como “uma infra-estrutura científica” pode ser “construída em Portugal, em vez de importada do estrangeiro”.

A embarcação foi financiada Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (Feder), através do Programa Operacional Regional do Norte, bem como pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), através de fundos nacionais, e deve servir “para mobilizar a indústria nacional” para um dos seus “desígnios, que é o conhecimento”. “O INESC TEC tem agora como função equipar o navio para que possa ser posto ao serviço da comunidade científica de uma forma geral, mas para valorizar Portugal no mundo”, disse ainda Manuel Heitor.

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A embarcação Mar Profundo DR

“Este navio permitirá deslocar para os diversos locais de operações no mar as competências humanas multidisciplinares e a capacidade laboratorial e logística que até agora, e de forma autónoma, a TEC4SEA apenas possuía em terra”, destacou em comunicado José Manuel Mendonça, presidente do INESC TEC, uma das entidades fundadoras e coordenadora da TEC4SEA, uma plataforma vocacionada para a investigação, desenvolvimento, testes e validação de tecnologias que potenciem a economia do mar. “A embarcação abre, pois, um novo conjunto de possibilidades para o ecossistema científico e económico, reposicionando Portugal neste quadro”, acrescentou José Manuel Mendonça.

Por seu turno, o responsável da empresa naval construtora, que emprega 70 pessoas, factura sete milhões de euros e produz dez a 12 embarcações por ano, considerou que a construção do Mar Profundo “pode abrir perspectivas de outros mercados” que até aqui não olhavam para indústria naval portuguesa para este tipo de trabalhos. “Esta oportunidade que o INESC TEC nos deu é importante para indústria naval, porque estamos a criar um produto específico, vendável lá fora, e que pode criar novas oportunidades de trabalho”, salientou Rui Roque, reconhecendo que o trabalho foi “um desafio em termos tecnológico” e “obrigou a criar novas competências”.

A construção foi também feita “em plena pandemia”, com “falta de equipamentos e materiais e custos mais elevados”, mas a “resiliência” fez com que a empresa conseguisse cumprir o caderno de encargos e lançasse hoje o navio ao mar, congratulou-se o empresário naval.