Chumbo da CGD a empréstimo à Groundforce abre a porta de saída a Casimiro
“Estamos a aguardar que a situação seja resolvida, nomeadamente no que respeita ao nosso ainda sócio”, disse nesta terça-feira o ministro das Infra-Estruturas, acrescentando esperar que “a breve prazo” haja notícias boas” sobre a Groundforce.
O empréstimo de 30 milhões de euros solicitado pela Groundforce à Caixa Geral de Depósitos, com garantias públicas do Banco de Fomento, não vai ser autorizado. A informação foi transmitida à Comissão de Trabalhadores (CT) da empresa na sexta-feira pelo secretário de Estado adjunto e das Comunicações, Hugo Mendes, e confirmada à comunicação social nesta terça-feira pelo ministro das Infra-Estruturas, Pedro Nuno Santos, durante uma visita oficial a uma obra rodoviária em Paredes de Coura.
“Compreendo bem a posição da Caixa Geral de Depósitos”, afirmou o ministro. “Estamos a aguardar que a situação seja resolvida, nomeadamente no que respeita ao nosso ainda sócio”, disse, acrescentando esperar que “a breve prazo” haja notícias boas” sobre a Groundforce.
No comunicado enviado aos trabalhadores da empresa de assistência em terra, após a reunião com o secretário de Estado, a CT afirmou que o processo do empréstimo estava encerrado “devido ao facto de a CGD não ter confiança no accionista maioritário [a Pasogal, de Alfredo Casimiro, que é dona de 50,1%, cabendo o resto do capital à TAP] e o mesmo não ter capital”.
Ainda de acordo com a CT, o Montepio “já accionou o processo de execução do penhor das acções” da Pasogal, no âmbito de um empréstimo concedido anteriormente à empresa, mas “não pode ficar na posse das mesmas, sendo obrigado a vendê-las em seguida”. Em paralelo, a CT diz haver vários interessados em ficar com a posição da Pasogal, mas que Alfredo Casimiro “apenas aceita negociar com um deles”.
A expectativa da CT é a de que qualquer das hipóteses tenha uma concretização em Maio, mês em que a empresa de assistência em terra voltará a ter problemas financeiros para pagar os ordenados aos cerca de 2400 trabalhadores da empresa.
A TAP, além de accionista, é também o maior cliente da Groundforce. Com o Estado a deter 72,5% da transportadora aérea, a tutela da TAP cabe ao ministro das Infra-Estruturas, Pedro Nuno Santos, cuja relação com Alfredo Casimiro entrou em ruptura a meio do processo de ajuda à Groundforce.
Por parte de Alfredo Casimiro, fonte oficial refere que não há nenhuma informação de que a concessão do empréstimo tenha sido posta de parte. Sobre o cenário de venda da posição da Pasogal, não há comentários, devido à “confidencialidade que este tipo de assuntos merece e exige”.
Numa audição parlamentar a 18 de Março, Alfredo Casimiro afirmou que a Groundforce tinha sofrido uma “ruptura total de tesouraria” e precisava “da prometida ajuda do Estado enquadrada nas linhas covid, no valor de 30 milhões de euros, para assegurar a sua sobrevivência imediata”.
Governo “não quer instabilidade nos aeroportos”
No comunicado enviado aos trabalhadores, a CT põe em cima da mesa o cenário de falhanço nas negociações, sublinhando que, se isso acontecer, tal “não será o fim da empresa”, até porque, garante, o Governo “não quer instabilidade nos aeroportos”.
Nesse caso, haveria uma “insolvência controlada”, diz a CT, “mantendo-se os postos de trabalho e os direitos dos trabalhadores”. “Apesar de ser um cenário bastante remoto, o Governo não o quer excluir”, refere a CT, adiantando que a empresa poderia “continuar a laborar com um gestor de insolvência”. Depois, haveria um momento em que a TAP ou outro credor, “nomeadamente a ANA”, poderia “converter os seus créditos em capital”. “Esta situação teria de passar por um plano de recuperação da empresa, o que levaria alguns meses a ficar finalizado”, explica a CT, que rejeita um cenário de nacionalização.