Rússia responde a sanções dos EUA com expulsão de dez diplomatas
Moscovo anuncia retaliação na mesma moeda mas não coloca de parte a realização de uma futura cimeira entre Joe Biden e Vladimir Putin.
A Rússia anunciou esta sexta-feira que vai expulsar dez diplomatas norte-americanos em Moscovo, uma resposta na mesma moeda à medida tomada pelos Estados Unidos no dia anterior, recomendando ainda o regresso a Washington do embaixador John Sullivan para “consultas”.
“Dez diplomatas russos foram incluídos na lista que nos foi dada com o pedido de que deixassem os Estados Unidos. Vamos responder a essa medida reciprocamente e pediremos a dez diplomatas norte-americanos na Rússia que deixem o nosso país”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov.
O chefe da diplomacia russa disse ainda, em conferência de imprensa, que Moscovo vai acrescentar mais oito funcionários norte-americanos à lista retaliatória de sanções e impedir que a embaixada dos EUA contrate pessoal russo ou de países terceiros para tarefas de apoio. Lavrov referiu ainda que o Governo russo irá restringir e impedir as actividades de organizações não-governamentais norte-americanas no país de forma a evitar interferências na política da Rússia.
De fora da resposta do Kremlin às sanções impostas pela Casa Branca ficam para já os negócios norte-americanos na Rússia que, segundo Lavrov, não serão alvo de “medidas dolorosas”.
Os Estados Unidos anunciaram na quinta-feira a imposição de pesadas sanções à Rússia por causa das actividades “malignas” lideradas e patrocinadas a partir de Moscovo, com a Administração Biden a responsabilizar o Kremlin por ciberataques a instituições governamentais através da pirataria da SolarWinds, uma empresa norte-americana de software, e pela interferência na eleição presidencial de Novembro passado.
Para além da expulsão de dez diplomatas russos, o pacote de sanções imposto pela Casa Branca, em conjunto com União Europeia, Canadá, Reino Unido e Austrália, inclui 32 entidades russas – entre indivíduos e empresas – envolvidas em “actos de desinformação e interferência” e outras oito entidades russas associadas à “ocupação e repressão na Crimeia”. O Departamento de Tesouro dos Estados Unidos proibiu também as instituições financeiras norte-americanas de comprar directamente dívida emitida pela Rússia após 14 de Junho.
Cimeira Biden-Putin
Para já, o anúncio da retaliação russa não coloca em causa a possibilidade da realização de uma cimeira entre Joe Biden e Vladimir Putin. Antes do anúncio de Serguei Lavrov, o porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov, disse que Moscovo não pretende impor quaisquer condições para o encontro entre os presidentes dos dois países.
“O Presidente Putin já falou sobre a conveniência de desenvolver as relações entre os nossos países, normalizando-as e reduzindo as tensões”, afirmou Peskov, citado pela agência Sputnik, advertindo, no entanto, que o diálogo desenvolver-se-á “na medida em que os Estados Unidos estejam dispostos a fazê-lo”.
Na terça-feira, Biden e Putin mantiveram uma conversa telefónica a pedido de Washington para discutir as relações bilaterais, durante a qual o Presidente norte-americano propôs ao seu homólogo russo a realização de uma cimeira a dois num futuro próximo, a ter lugar num país terceiro.
Desde que o telefonema entre os dois líderes se tornou público, vários países já se ofereceram para servir de palco à cimeira, entre eles a Áustria, a Finlândia e a República Checa. O gabinete do Presidente finlandês, Sauli Niinisto, disse mesmo que a Finlândia “está sempre preparada para oferecer os seus serviços diplomáticos de boa-fé”.
“A vontade da Finlândia em organizar a cimeira já foi apresentada a Washington e a Moscovo”, acrescentou, em comunicado, a presidência finlandesa.