Em 2021, no meio de uma pandemia, o Porto celebra uma data histórica: passam vinte anos da Capital Europeia da Cultura. Não é demais sublinhar: 2001 foi uma data decisiva para um modelo de cidade cosmopolita e aberta, um modelo que privilegiava a cultura como motor de desenvolvimento e substrato para a criação de uma comunidade. Foi também um momento definidor para recuperar uma certa aura que sempre envolveu o Porto como “cidade do cinema”: a cidade de Aurélio Paz dos Reis e da sua “invenção” do cinema português; da Invicta Film e do seu modelo de produção internacional; do cenário natural para os filmes de Manoel de Oliveira (Douro, Faina Fluvial, Aniki-Bobó, O Pintor e a Cidade); ou berço de Paulo Rocha e António Reis. O Porto é também a cidade de um dos mais importantes cineclubes do país, o Clube Português de Cinematografia — Cineclube do Porto (que comemorou 75 anos de atividade em 2020), o organizador dos primeiros estados gerais sobre o cinema português (“Semana do Novo Cinema Português”, 1967), possibilitando a criação do Centro Português de Cinema. Enfim, o Porto sempre teve uma relação íntima com a arte cinematográfica, mesmo que entretida pelas inovações industriais que permitiram o seu nascimento (Aurélio Paz dos Reis ou Manoel de Oliveira, por exemplo, pertenciam a famílias abastadas com negócios industriais).
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