Detectado pigmento que pode ajudar no diagnóstico do cancro colorrectal

O próximo objectivo da equipa é estudar em detalhe as diferentes fases do cancro colorrectal para avaliar os conteúdos do pigmento.

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Fábio Augusto

Investigadores do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) identificaram um pigmento em tecidos do cancro do colorrectal, cujo conteúdo acreditam que poderá ser usado como “parâmetro de diagnóstico e monitorização da evolução do cancro”, foi revelado esta sexta-feira.

Em declarações à agência Lusa, Luís Oliveira, do Departamento de Física do ISEP, explicou que o pigmento, designado lipofuscina, foi observado durante a avaliação das propriedades ópticas de tecidos da mucosa colorrectal saudáveis e com cancro. “Verificámos que o conteúdo de sangue nos dois tipos de tecidos não correspondia ao espectável. As propriedades mostravam que havia muito baixo conteúdo de sangue e isso levantou uma suspeita, nomeadamente que poderia existir algum tipo de componente biológico contido nos tecidos que estava a camuflar o verdadeiro conteúdo de sangue e que era o pigmento”, afirmou.

Para avaliarem o verdadeiro conteúdo de sangue nos tecidos, os investigadores decidiram estudar “o espectro óptico de absorção da lipofuscina”, subtraindo a absorção do pigmento à absorção medida dos tecidos. “A acumulação da lipofuscina é superior nos tecidos com cancro do que nos tecidos saudáveis”, referiu Luís Oliveira, acrescentando que a acumulação do pigmento “cresce com o desenvolvimento dos pólipos cancerígenos”.

“O conteúdo do pigmento vai crescendo conforme o cancro se vai desenvolvendo”, afirmou ainda o investigador, indicando que esta técnica não invasiva permitirá usar a lipofuscina como parâmetro “não só de diagnóstico do cancro colorrectal, mas também de monitorização da evolução do cancro nos tecidos da mucosa”.

Luís Oliveira adiantou que o próximo objectivo da equipa é estudar “em detalhe” as diferentes fases do cancro colorrectal para “avaliar os conteúdos discriminados do pigmento”. “Estamos crentes e suspeitamos que este pigmento se acumula também em diferentes tipos de cancro”, disse o investigador, acrescentando que a equipa submeteu uma candidatura à Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) para estudar o cancro do fígado e do rim.

A investigação, já publicada, foi desenvolvida em parceria com o Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto e com a Universidade Estatal de Saratov, na Rússia. Entretanto, os investigadores já submeteram um segundo artigo sobre o mesmo tema a publicação na revista American Institute of Physics, assente em “medições que simulam uma situação não invasiva e na qual são aplicadas técnicas de machine learning para reconstruir o espectro de absorção”. “Este é o primeiro passo no sentido de desenvolver uma técnica que possa ser aplicada ao doente sem se retirar os tecidos”, afirmou o investigador.