Boris, a Irlanda do Norte e o nacionalismo inglês
Se é compreensível que Boris Johnson não tenha aceite a cimeira com a República da Irlanda para discutir o assunto (o Reino, ainda que talvez só por mais uma geração, ainda é unido) a sua atitude é, como dizia Lord Patten, a de um nacionalista inglês.
Chris Patten, o último governador de Hong-Kong e antigo comissário europeu, dizia que Boris Johnson não era um conservador, mas um “nacionalista inglês”. O “tory” Lord Patten temia em Dezembro que o Reino Unido acabasse por sair da União Europeia sem acordo. “Só Deus sabe como isto vai acabar”, suspirou na altura. John Major – antigo primeiro-ministro conservador que se manifestou violentamente contra o Brexit – avisou logo em 2016 que a saída do Reino Unido da União Europeia iria desestabilizar a Irlanda do Norte e pôr em causa o acordo da Sexta-feira Santa, conseguido pelo governo Blair em 1998. A revista The Economist concluía recentemente que Boris Johnson não estava muito preocupado com a questão da fronteira da Irlanda porque achava que, mais tarde ou mais cedo, aconteceria a reunificação irlandesa e o assunto passava a não-assunto. É verdade que o Brexit abriu o debate sobre uma Irlanda unificada (56% dos eleitores da Irlanda do Norte votaram pela permanência na União Europeia) e as eleições de Fevereiro do ano passado fortaleceram essa probabilidade, com o Sinn Féin a ter o melhor resultado desde 1923, o maior número global de votos, 37 lugares no parlamento e a vice-presidência do governo. O Sinn Féin defende a unificação da Irlanda se for essa a vontade popular.
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