Rússia garante que não haverá guerra com Ucrânia
Apesar das promessas de Moscovo, o chefe da diplomacia dos EUA, Antony Blinken, avisou que “haverá consequências” em caso de agressão russa na Ucrânia.
A Rússia garantiu este domingo que não haverá uma guerra com a Ucrânia, apesar do reforço de posições militares na fronteira, com os Estados Unidos a prometer “consequências”, em caso de agressão russa. “Ninguém está a embarcar no caminho da guerra”, garantiu o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, numa entrevista à emissora pública Rossya 1, isto depois da preocupação manifestada pelo governo de Kiev.
"Ninguém aceita a possibilidade de uma guerra civil na Ucrânia”, acrescentou Peskov, explicando que a Rússia “não ficará indiferente ao destino dos falantes de russo que vivem no sudeste” da Ucrânia, onde desde 2014 ocorrem confrontos armados entre as forças governamentais ucranianas e milícias pró-separatistas apoiadas por Moscovo. O Kremlin não nega os movimentos militares na fronteira com a Ucrânia, mas garante que não está a fazer qualquer ameaça, acusando Kiev de “provocações” destinadas a “agravar a situação”.
"A Rússia está a fazer todos os esforços para ajudar a resolver este conflito”, disse Peskov, durante a entrevista.
Os Estados Unidos não têm escondido a preocupação com o reforço de posições militares russas na fronteira com a Ucrânia e nos últimos dias anunciaram o envio de dois navios militares para o mar Negro. O chefe da diplomacia dos EUA, Antony Blinken, avisou no domingo que “haverá consequências” em caso de agressão russa na Ucrânia.
“Há mais tropas russas concentradas na fronteira [da Ucrânia] do que em qualquer momento desde 2014, quando da invasão russa da Crimeia”, disse o secretário de Estado norte-americano, numa entrevista televisiva. Blinken reiterou que a posição dos Estados Unidos foi deixada muito clara por Joe Biden, não havendo margem para várias interpretações.
“O Presidente foi muito claro: se a Rússia agir de forma imprudente ou agressiva, haverá custos, haverá consequências”, afirmou, sem esclarecer o teor das consequências.
Antony Blinken, que esta semana discutiu a situação na Ucrânia com os seus homólogos francês e alemão, sublinhou que os Estados Unidos e os seus aliados europeus “partilham da mesma preocupação”.
Ucrânia e Rússia têm-se acusado mutuamente pelo aumento da intensidade do conflito e, na última semana, Moscovo admitiu que reforçou o contingente militar ao longo da fronteira entre os dois países, provocando reacções de preocupação por parte da União Europeia e dos Estados Unidos.
O confronto armado entre as forças ucranianas e rebeldes apoiados pela Rússia no leste da Ucrânia, que começou em 2014, já custou a vida de cerca de 14.000 pessoas em sete anos, de acordo com a ONU.