Black Mountain College, a escola impossível
O Black Mountain College, fundado em 1933, na Carolina do Norte, representa um caso único na história da criação artística do século XX. Numa geografia isolada, promoveu o ensino experimental, a vida em comunidade e a circulação de saberes. Dirigida pelo exilado Josef Albers, o BMC afirmar-se-á até 1957 como uma das charneiras que deslocaram o centro artístico da Europa para os EUA. Esta história exemplar volta hoje a ser estudada, a América poderá aí reencontrar-se e a universidade pensar o seu destino.
Em 2007, antes da eleição de Barack Obama e Joe Biden; antes das recentes crises que assolam a Europa; e no contexto da exposição Robert Rauschenberg: Travelling 70-76 no Museu de Serralves, que se inaugurou na presença do artista texano, feliz apesar de fisicamente debilitado — Robert Rauschenberg viria a falecer no ano seguinte —; e num momento em que o museu investia com ambição em seminários de investigação, dinamizei um curso chamado Black Mountain College: A Descoberta da América (1). Daqueles meses de pesquisa (2), retive a história incerta duma universidade exemplar nos Estados Unidos, onde Robert Rauschenberg foi estudante e os debates vivos sobre pedagogia, comunidade local e criação coletiva com os participantes no seminário. No meu regresso de Paris e da Sorbonne, onde, entretanto, me formei, para lecionar na universidade portuguesa, o Black Mountain College (BMC) permaneceu um dos esteios da minha reflexão sobre a ideia de universidade e as suas reais possibilidades.
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