Provocações da Rússia podem levar a resposta da Ucrânia, avisa Kiev
Ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros responde à escalada militar na região de Dombass, que Moscovo justifica com receios de guerra civil
A Ucrânia pode ser levada a responder às “provocações” da Rússia na região de Donbass, avisou este sábado o ministro da Defesa, em mais um capítulo na tensão crescente entre os dois países. “A intensificação da agressão armada da Federação Russa contra a Ucrânia só é possível com uma decisão política tomada ao mais alto nível do Kremlin”, afirmou o ministro Andrii Taran, referindo que as acusações, por parte de Moscovo, de que os direitos dos cidadãos de língua russa na região leste da Ucrânia estão a ser violados podem estar na origem da escalada militar por parte da Rússia.
Do outro lado, Moscovo fala também em “acções de provocação” por parte do governo de Kiev, com o Ministério dos Negócios Estrangeiros a classificar os receios de guerra civil ou até a possibilidade de um ataque genocida às minorias de língua russa como motivações para a escalada militar na região.
“O Kremlin teme que uma guerra civil possa recomeçar na Ucrânia”, afirmou na sexta-feira Dmitry Peskov, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, para quem uma acção militar em grande escala junto à fronteira constituirá “uma ameaça à segurança da Federação Russa”. Peskov repetiu também o que já se tornou na resposta habitual de Moscovo ao aumento da presença militar junto à fronteira com a Ucrânia: a Rússia tem o direito de movimentar tropas do seu lado da fronteira sempre que for necessário.
O aumento da tensão entre Rússia e Ucrânia está a causar preocupação no Ocidente e, na sexta-feira, soube-se que os Estados Unidos estão a ponderar o envio de navios de guerra para o Mar Negro para apoiar a Ucrânia. A notícia foi avançada pela CNN, que adiantou que a operação poderá começar já na próxima semana.
Segundo a CNN, Washington tem de notificar com 14 dias de antecedência a sua intenção de entrar no Mar Negro com navios, cumprindo um tratado de 1936, a Convenção de Montreux, que concede à Turquia o controlo do Estreito de entrada na região. Uma das fontes citadas pela cadeia noticiosa norte-americana - um responsável do Departamento de Defesa que não foi identificado - referiu que a Marinha continuará também a enviar aviões de reconhecimento para o espaço aéreo internacional sobre o Mar Negro de modo a vigiar a actividade naval russa e qualquer movimento de tropas na Crimeia.
Também a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, mostrou já a sua preocupação com o aumento da tensão na região e, numa conversa telefónica com o Presidente russo, Vladinir Putin, na quinta-feira, pediu à Rússia para reduzir a sua presença militar na região da fronteira com a Ucrânia. O mesmo pedido foi feito pela diplomacia francesa e pelo secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, com a secretária de Imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, a avisar que as acções da Rússia são “profundamente preocupantes”.