Vingança do PSG escrita por Neymar e realizada por Mbappé

Os franceses escreveram metade da vingança pela Champions perdida em 2019/20 e o Bayern terá de marcar dois golos em Paris, na segunda mão dos “quartos” da Champions.

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Reuters/KAI PFAFFENBACH

Retirar Neymar do corredor esquerdo, abstê-lo de desgastar-se a ajudar o lateral em tarefas defensivas, pedir-lhe que alimente Mbappé e soltá-lo. A ele e à qualidade técnica que lhe sai das chuteiras. Em traços gerais, foi isto que fez o PSG, nesta quarta-feira, para vencer (3-2) em casa do Bayern de Munique.

Na primeira mão dos quartos-de-final da Liga dos Campeões, a equipa francesa tinha contas a ajustar, desde a final do ano passado perdida para os alemães, e fê-lo a preceito: o Bayern está obrigado a marcar dois golos em Paris, na segunda mão.

O treinador do PSG é outro, desde essa final, e Mauricio Pochettino parece ter percebido que Neymar é dos melhores do mundo quando o contexto o favorece. O brasileiro ofereceu técnica, velocidade, boas decisões, assistências para golo e até momentos de magia – desses nunca abdica.

Não marcou, é certo, mas foi ele quem, sozinho, começou por desequilibrar o jogo e chegar, nesta temporada, aos 13 golos e oito assistências em 21 jogos. O brasileiro “inventou” este triunfo, mas Mbappé realizou-o: com dois golos, foi novamente decisivo e chegou aos 22 na época (em 26 jogos).

Bayern ataca, PSG marca

Em Munique, o nevão que ataca a Europa central disse “presente”. Sob queda de neve, os jogadores enfrentaram um relvado muito rápido e o jogo beneficiou disso.

O Bayern dominou no plano territorial, sempre com mais bola, muita criatividade e variação de jogo, e o PSG, aparentemente subjugado, mandou no ataque à baliza. Logo aos 3’, Neymar soltou-se e pôde conduzir em progressão no meio-campo alemão. Em dois contra um, Neymar e Mbappé fizeram o que quiseram de Süle e o francês finalizou com “ajuda” de Neuer, mal batido.

O Bayern dominava e o PSG, em transições, marcava golos – o segundo não contou, por fora-de-jogo. Mas o domínio alemão não era estéril. A equipa de Hansi Flick conseguia facilmente ultrapassar a pressão de Mbappé e Neymar e, depois, atacava de frente e em velocidade o meio-campo francês – onde estava o português Danilo.

Thomas Müller permitiu defesa a Keylor Navas, aos 10’, Goretzka falhou “na cara” do guardião, aos 18’, Pavard voltou a chamar Navas ao serviço, aos 20’, e Choupo-Moting falhou o quarto lance de golo, aos 27’. Com Lewandowski, lesionado para este jogo, talvez estes lances fossem diferentes.

Logo a seguir, houve mais Neymar. O brasileiro fez um passe tremendo para Marquinhos, após um canto, e o central não só não estragou o momento como o abrilhantou: recepção de bola de grande qualidade, deixando-a preparada para o remate de sucesso.

Foi nesta fase que o jogo mudou um pouco. Marquinhos saiu lesionado e a defesa do PSG, com a adaptação de Danilo, pareceu desorientada. Deixou Choupo-Moting cabecear à vontade, aos 37’, para o 2-1, honra que também permitiu a Müller, aos 60’, num lance idêntico – ambos mal defendidos e “oferecidos” aos alemães.

A desorientação defensiva do PSG não se reflectiu, ainda assim, na capacidade ofensiva. Sempre em transições, os franceses voltaram a ser letais. Di María soltou Mbappé e o francês bisou.

Quem viu o jogo pode estranhar o resultado, tal foi o caudal ofensivo do Bayern e as oportunidades desperdiçadas, mas o PSG, mostrou que rematar bem vale mais do que rematar muito. E ter artistas como Neymar e Mbappé, quando do outro lado não há Lewandowski, é um natural factor de desequilíbrio.

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