Variante da África do Sul cresce em Portugal, onde a britânica representa 82,9% dos casos de covid-19
As variantes detectadas no Brasil têm pouca circulação no país. Mas a B.1.351 foi introduzida diversas vezes e, embora ainda não circule muito na comunidade, tornou-se muito mais comum em relação ao estudo anterior.
Houve um grande crescimento em Portugal na presença da variante do novo coronavírus identificada pela primeira vez na África do Sul, a linhagem B.1.351, embora represente ainda um número pequeno de casos: “A sua frequência relativa é de 2,5%, o que evidencia um aumento considerável em relação à amostragem de Fevereiro (0,1%)”, diz o relatório de situação sobre a diversidade genética do SARS-CoV-2 em Portugal, elaborado pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Insa) divulgado nesta segunda-feira.
O relatório precisa que foram detectados, até à data, 49 casos desta variante associada à África do Sul, 27 dos quais, a maioria, na amostragem nacional de Março. “A análise filogeográfica indica que esta variante foi introduzida várias vezes de forma independente em Portugal”, afirmam os cientistas. Mas é possível identificar alguns núcleos bem definidos, dizem, como “cadeias de transmissão limitadas a agregados familiares ou instituições”. Isto sugere que esta variante ainda não circula de forma muito frequente na comunidade.
A variante B.1.351 tem mutações na proteína de espícula à superfície do vírus que podem torná-lo mais transmissível e conferir-lhe resistência aos anticorpos neutralizantes – se vacinas como a da Pfizer-BioNtech e a da Moderna ainda parecem funcionar bem contra esta variante, a da AstraZeneca não se mostra eficaz, e a África do Sul foi obrigada a optar pela compra de outra vacina (Johnson & Johson) para imunizar a sua população.
Uma tendência confirmada por este Estudo da Diversidade Genética do Novo Coronavírus SARS-CoV-2 (Covid-19) em Portugal do Insa é o domínio da variante do novo coronavírus identificada em Inglaterra (B.1.1.7). Esta representa já 82,9% dos casos em Portugal. Está associada a uma maior facilidade de transmissão do vírus.
A amostragem nacional de Março de 2021 envolveu laboratórios nos 18 distritos de Portugal continental e nas Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores, abrangendo um total de 166 concelhos. Esta amostragem por sequenciação representa 10,4 % das amostras positivas reportadas durante as duas primeiras semanas de Março e também 28 de Fevereiro, em alguns casos, diz um comunicado do Insa.
Foram detectados ainda 22 casos no total da variante P.1 (associada ao Brasil, Manaus), mas apenas quatro nas amostras de Março, mantendo-se a mesma frequência relativa (0,4%) observada em Fevereiro. Por isso, os cientistas concluem que a que a circulação desta variante é muito limitada em Portugal.
Quanto à variante P2, que também foi detectada pela primeira no Brasil, e que também tem na proteína da espícula a mutação E484K, que confere resistência a anticorpos neutralizantes – tal como a P1 e a variante associada à África do Sul – teve um decréscimo. Apenas foi detectado mais um caso em Portugal desde o último relatório (de 3 de Março de 2021) sobre a diversidade genética do coronavírus SARS-CoV-2, quando foram detectados 15 casos. Nesse último relatório tinha havido sim, um grande crescimento dessa variante, pois num mês tinham surgido dez novos casos.