Ex-líder da Birmânia Aung Suu Kyi foi acusada de violar lei de segredos de Estado
Aung San Suu Kyi também já tinha sido acusada de corrupção e de “incitamento a distúrbios públicos”.
A ex-líder birmanesa Aung San Suu Kyi é acusada pela junta militar de violar uma lei de protecção de segredos de Estado que data da era colonial, disse esta quinta-feira o seu advogado Khin Maung Zaw.
As autoridades de Birmânia “iniciaram um novo processo em 25 de Março, acusando-a (Aung Suu Kyi) de violar uma lei sobre segredos de Estado”, disse Khin Maung Zaw à agência France-Presse.
Aung San Suu Kyi, que está impedida de fazer declarações desde que foi detida pelo exército, no momento do golpe militar de 1 de Fevereiro, também já tinha sido acusada de corrupção e de “incitamento a distúrbios públicos”.
A revelação acontece no dia em que a junta militar que tomou o poder em Birmânia ordenou às operadoras de telecomunicações para suspenderem as conexões de Internet sem fio, “até novas instruções”.
As autoridades já tinham ordenado a suspensão de transmissão de dados móveis, mas este novo corte ameaça paralisar as comunicações ‘online’ do país, onde muito poucas pessoas têm acesso a linhas fixas.
A decisão de suspender a transmissão de dados móveis, há duas semanas, foi tomada para complicar os esforços de organização de novos protestos, bem como a cobertura da crise pelos jornalistas, o serviço de Internet móvel foi cortado, embora o acesso ainda esteja disponível por conexões de banda larga fixa.
O serviço de dados móveis foi usado para transmitir a cobertura de vídeo ao vivo dos protestos, muitas vezes revelando as forças de segurança a atacar os manifestantes.
O bloqueio do serviço de Internet impediu a participação numa audiência judicial por videoconferência de Suu Kyi, que se encontra detida desde o golpe militar.
A junta militar que derrubou a chefe de Governo civil Aung San Suu Kyi, em 1 de Fevereiro, tem reprimido de forma violenta as manifestações diárias que pedem o regresso da democracia e a libertação de antigos líderes.
Pelo menos 459 pessoas já morreram desde o golpe, que os militares justificam alegando fraude eleitoral cometida nas eleições legislativas de Novembro de 2020, nas quais a Liga Nacional para a Democracia, partido de Suu Kyi, venceu por esmagadora maioria.
Tanto os observadores internacionais como a comissão eleitoral deposta pela junta militar após a tomada do poder negaram a existência de irregularidades, apesar da insistência de alguns comandantes do Exército, cujo partido detém 25% dos lugares no Parlamento.
A comunidade internacional tem anunciado sanções contra os líderes do golpe militar, incluindo o general Min Aung Hlaing, presidente do Conselho Administrativo de Estado e autoridade máxima em Birmânia.