EUA
“Quando os paramédicos chegaram já sabia que tinha sido o fim de George Floyd”: um julgamento contado em esboços
"Não consigo respirar": foram estas as palavras que se tornaram num grito contra a violência policial racista que, em Maio de 2020, matou George Floyd. E esta segunda-feira, quase um ano depois, começou o julgamento de Derek Chauvin, o polícia que pressionou o pescoço de Floyd durante oito minutos e 46 segundos, levando à sua morte. E foi precisamente de joelho no chão que o julgamento arrancou, com familiares da vítima a repetirem o acto simbólico durante o mesmo tempo que Chauvin manteve o joelho no pescoço do homem, enquanto este estava deitado de bruços no chão.
Foram ouvidas testemunhas que presenciaram o momento do assassinato e os esboços feitos durante o julgamento mostram que foi emotivo. A procuradoria está a tentar mostrar que Derek Chauvin, ainda em liberdade, mostrou desprezo pela vida de Floyd, uma vez que manteve a pressão no pescoço do homem mesmo depois de ele ter dito 20 vezes que não conseguia respirar, e que usou força excessiva e irracional. Já o advogado do polícia diz que Chauvin é inocente e que se limitou a seguir procedimentos autorizados, e que a vítima terá morrido devido a uma overdose de fentanilo, um opiáceo encontrado no corpo de Floyd durante a autópsia.
Christopher Martin, funcionário da loja onde Floyd teria usado uma nota de 20 dólares falsa disse sentir-se culpado. "Se tivesse aceitado a nota isto não teria acontecido", disse. Genevieve Hansen, uma bombeira que presenciou o sucedido, relatou estar "desesperada" para verificar os sinais vitais de Floyd, mas que a polícia não permitiu. Disse ainda lembrar-se de ver Chauvin "muito confortável", com a mão no bolso e o seu peso em cima de Floyd. "Quando os paramédicos chegaram eu já sabia, na minha cabeça, que tinha sido o fim para o Mr. Floyd", referiu Charles McMillian, que também testemunhou o momento.
O veredicto é esperado para final de Abril ou início de Maio. Os 12 jurados terão de decidir a sentença por unanimidade, ou o julgamento poderá ser considerado nulo. A morte de George Floyd desencadeou uma série de protestos anti-racismo e o desfecho do julgamento poderá voltar a acendê-los.