Autotestes devem chegar às farmácias esta semana com preço a rondar os 10 euros

Testes desenvolvidos por empresa sul-coreana e distribuídos pela multinacional Roche vão poder ser comprados em caixas de 25 ou individualmente. Vão estar isentos de IVA.

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Eric Gaillard/reuters

Os testes que qualquer cidadão poderá realizar em casa para detectar se está infectado com o novo coronavírus devem começar a chegar às farmácias e parafarmácias, onde serão vendidos, até ao final desta semana. Poderão ser comprados por pessoas a partir dos 18 anos em caixas de 25 testes ou de forma individual. O preço, por exame, deve rondar os 10 euros e estará isento de IVA.

Na sexta-feira passada, o Infarmed autorizou em Portugal o primeiro autoteste para detectar o SARS-CoV-2, desenvolvido pela empresa sul-coreana SD Biosensor e distribuído pela multinacional suíça Roche. Depois foi necessário imprimir as bulas com as instruções em português sobre como recolher a amostra nasal e como realizar o teste rápido de antigénio, além de outros materiais necessários à comercialização, como o rótulo “Autoteste COVID-19 – Regime Excepcional”, que tem de constar obrigatoriamente nas embalagens.

“Estamos a ultimar a preparação e a adequação de todos os procedimentos e materiais exigidos pela entidade reguladora. Estimamos que ainda durante esta semana seja possível terminar este processo e assim garantir todas as condições para que possamos fornecer os testes rápidos de antigénio nos pontos de venda autorizados (farmácias e parafarmácias) de forma que seja possível iniciar a sua comercialização”, adiantou a Roche numa resposta escrita enviada ao PÚBLICO.

O jornal tentou junto do Infarmed saber se já foram recebidos outros pedidos de registo e qual o tempo médio de análise dos mesmos, mas a autoridade nacional do medicamento não respondeu.

Contactou igualmente o Ministério da Saúde, para saber se o Estado vai comparticipar estes testes, mas, até ao início da noite desta terça-feira, não obteve resposta. O Governo também não esclareceu se vai definir um tecto máximo para o custo de cada autoteste nem se já criou os formulários electrónicos que deverão estar disponíveis na página covid19.min-saude.pt que permitirão reportar os resultados destas análises. Estes exames de diagnóstico in vitro, semelhantes a um teste de gravidez, vão ficar isentos de IVA, de acordo com uma lei publicada em Fevereiro, que transpõe uma directiva da União Europeia. 

A Roche explica que o teste será vendido de duas formas: numa caixa de 25 testes ou numa embalagem individualizada, durante uma fase inicial, sem caixa. O kit é sempre o mesmo e é composto pelos seguintes elementos: uma zaragatoa, instruções em português, uma tira de teste, um tubo com tampão (onde a amostra é misturada com um reagente) e uma tampa doseadora (que permite retirar quatro gotas que serão colocadas na tira de teste). Neste exame, a amostra é recolhida com a introdução de cerca de dois centímetros da zaragatoa na zona frontal da narina, um procedimento bem mais simples do que a colheita da nasofaringe utilizada nos testes de diagnóstico actuais, mais invasiva e que obriga à utilização de zaragatoas mais compridas. O resultado demora entre 15 e 30 minutos a aparecer.

À Associação Nacional das Farmácias (ANF) têm chegado muitas dúvidas dos associados sobre a comercialização dos autotestes. “Acreditamos que em breve o mercado esteja abastecido”, refere Duarte Santos, da direcção da ANF, que acrescenta não possuir informações sobre preços. A Roche confirma que já tem muitas encomendas, mas não levanta o véu sobre os preços.

“Custo não deve ser barreira”

“A Roche tem, à data, disponível para entrega o volume de testes adequado às solicitações que tem recebido, não se antevendo dificuldades na disponibilização dos mesmos à população”, diz a multinacional. Sobre o preço, a empresa suíça diz que “será definido pelo ponto de venda onde o teste será comercializado” e que o “custo não deve ser uma barreira ao acesso”. E completa: “Acreditamos que o preço que venha a ser fixado será feito de forma responsável para que haja acesso aos testes por quem deles necessita.” 

Apesar do secretismo, não é difícil encontrar as caixas de 25 testes da Roche à venda na Internet, tanto no Reino Unido, como em França e até em Portugal, já que este produto está autorizado para ser executado por profissionais de saúde. O preço é variável. Em Portugal, uma caixa de 25 testes custa no site Medline, que comercializa material médico de uso profissional, 240 euros, o que dá 9,6 euros por cada kit. No Reino Unido, os preços do mesmo produto oscilam entre os 200 e os 250 euros. O preço mais baixo foi encontrado em França, onde a mesma caixa com 25 testes custava 150 euros. Em Portugal, segundo uma fonte ligada à comercialização do produto, cada teste deve rondar os 10 euros, um valor que pode ou não ser ultrapassado dependendo da margem do revendedor.

Este autoteste foi sujeito a um estudo realizado num centro clínico em Berlim com 146 participantes. O teste rápido sul-coreano identificou correctamente 83% das pessoas infectadas e 100% das pessoas não infectadas, quando os resultados são comparados com outros de testes moleculares, os mais fiáveis, também conhecidos por PCR. Quando realizado nos primeiros cinco dias após o início dos sintomas, a taxa subiu para 86% dos indivíduos infectados. Isso significa que, em 100 pacientes infectados, o teste detecta o novo coronavírus em 83. Se o exame for realizado nos cinco dias após o início dos sintomas, o teste identificará correctamente 86 de 100 pacientes infectados.

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