Fernando Pais, um homem de banda desenhada no Estado Novo
Mergulho no passado mais sombrio de Portugal, Ao Som do Fado, do francês Nicolas Barral, narra os dilemas e os dramas de um médico na Lisboa vigiada do final dos anos 60. Abraçando a complexidade de cada vida, numa homenagem ao desejo humano de liberdade e justiça.
Uma baleia branca levanta-se do Tejo e, conduzida por um miúdo, sobrevoa a Rua Augusta. É o único momento em que o sonho entra no realismo de Ao Som do Fado, álbum de banda desenhada de Nicolas Barral (Paris, 1966). Nas outras páginas deste livro, o leitor vai acompanhando momentos da vida de um médico, Fernando Pais, ao longo das décadas de 50 e 60, na Lisboa do Estado Novo. Homem solitário e sedutor, de uma bonomia triste, testemunha, numa apatia gentil, a repressão e a violência do regime. Sob o olhar severo do irmão, inspector na Rua António Maria Cardoso, cabe-lhe tratar os torturados da Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) para que possam voltar a ser torturados. E assim vai caminhando, com os seus pesares e as suas dúvidas. Até ao dia em que dará o salto.
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