Pandemia impulsionou vendas de produtos congelados e de máquinas de café

Total das vendas no retalho caiu 1,5% em ano de pandemia, mas o sector alimentar cresceu 8,1%.

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O retalho alimentar apresentou um aumento de 8,1% do volume de vendas no 2020 Daniel Rocha

O volume de vendas no sector do retalho (alimentar e especializado) caiu 1,5% em 2020 face ao ano anterior, atingindo um volume de vendas de 22.653 milhões de euros, segundo os dados do Barómetro de Vendas de 2020 da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), divulgados esta terça-feira.

O retalho especializado foi a área mais penalizada, por ter sido também a que mais sofreu com as restrições impostas devido à pandemia de covid-19 - como os períodos de encerramento de lojas e limitações de horários, entre outras - registando uma queda de 17,7% no volume de vendas, que foi ainda mais negativa em mercados específicos, como o caso do vestuário, com quebras de 32,5%. A venda de produtos de electrónica e electrodomésticos cresceu, explicada pelo teletrabalho e ensino à distância, mas o destaque vai para as máquinas de bebidas, ou seja, máquinas de café, que viram as vendas disparar 23,9%.

Já o retalho alimentar apresentou um aumento de 8,1% do volume de vendas em 2020 face ao ano transacto e, neste domínio, verificaram-se alterações de consumo interessantes, como a vendas de produtos congelados, que cresceu 17,1 %. Crescimentos expressivos também se observaram na área de bazar ligeiro, com um aumento de 16,6% das vendas, na mercearia, com 11,6%, e nos perecíveis, com 11,5%.

Vestuário caiu 32,5%

Do total de 22.653 milhões de euros de vendas, no universo de lojas dos associados da APED, o alimentar concentrou 15.621 milhões de euros, enquanto o retalho especializado representou os restantes 7032 milhões de euros.

No retalho especializado, o sector de informática continua a ser o segmento que mais cresceu, com um aumento de 23,1%, explicado pelo crescimento de compras de computadores portáteis (+31,1%) e tablets (+25,5%). O mesmo se registou no segmento dos pequenos electrodomésticos (+20,2%), com destaque para produtos como aspiradores (+29,4%), preparação de alimentos (+24,7) e as já referidas máquinas de bebidas (23,9%).

Em sentido contrário, verificou-se uma queda na venda de smartphones, com uma variação negativa de 6,5% face ao ano anterior, nos livros (-16,6%), e consolas, (-3,8%).

No retalho especializado, o grande sacrificado com as restrições ao comércio foi o segmento do vestuário, com uma queda de 32,5% do volume de vendas.

Online cresce, mas tem pouco peso

O Barómetro de Vendas APED mostra, por outro lado, que o peso do e-commerce no total das vendas do retalho alimentar foi de 3%, mais 0,8 pontos percentuais do que em 2019, e no especializado de 14,9%, com um crescimento mais expressivo de 6,9 pontos percentuais. Daí que Gonçalo Lobo Xavier, director-geral da associação, sublinhe que o comércio online "veio para ficar”, mas salvaguarde que “ainda está muito longe de ser uma alternativa para a sustentabilidade dos negócios”.

O responsável referiu, no entanto, que existe ainda um lado menos positivo que é preciso corrigir. Isto porque, de acordo com um estudo da associação realizado em 2019, verificou-se que 85% das compras online foram feitas através de plataformas internacionais e apenas 15% em plataformas nacionais. Os dados para 2020 ainda não estão disponíveis.

Abriram 45 lojas e encerram 36

No universo da APED, que representa 168 associados, com 4126 lojas, abriram no ano passado 45 lojas, 30 delas no ramo alimentar e 15 no retalho especializado. Mas também encerraram 36, praticamente todas no ramo alimentar, uma parte delas devido a processos de reestruturação, ou seja, encerramento de uma e abertura de outras. No retalho especializado, encerraram apenas quatro estabelecimentos.

Entre os associados da APED estão grandes retalhistas e, nos alimentares, os hipermercados registaram uma subida de quota de 0,2 pontos percentuais para 23,6%, enquanto os supermercados registaram uma diminuição de 1,4 pontos percentuais para 57,7%.

Os canais hard discounters e outros locais registaram aumentos de 0,6 e 0,5 pontos percentuais, respectivamente, para 11,2% e 7,5%, pela mesma ordem.

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