Autoeuropa retoma produção após paragem por falta de semicondutores

Suspensão da fábrica da Volkswagen terá impedido a produção de 5700 automóveis. Crise dos semicondutores afecta outros sectores.

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Miguel Manso

A fábrica da Autoeuropa, em Palmela, retoma esta segunda-feira a produção de automóveis, que tinha sido interrompida no passado dia 22 de Março, devido à falta de semicondutores, confirmou à agência Lusa fonte da empresa.

De acordo com os números divulgados pela fábrica do grupo Volkswagen em Palmela, a suspensão temporária da produção, durante uma semana, terá provocado uma “perda de 5700 automóveis”.

A Volkswagen Autoeuropa cancelou todos os turnos de produção entre os dias 22 e 28 de Março devido à falta de semicondutores no mercado, um problema que já se faz sentir há algum tempo no sector automóvel, mas que, até agora, ainda não tinha obrigado a nenhuma suspensão de produção na fábrica de Palmela, no distrito de Setúbal.

No último trimestre de 2020, o Grupo Volkswagen tinha já criado uma task force com o objectivo de minimizar o impacto da escassez global de semicondutores nas suas fábricas.

A Volkswagen Autoeuropa iniciou este ano de 2021 a operar na sua máxima capacidade, tendo apenas ajustado os turnos de produção durante duas semanas, em função do encerramento dos estabelecimentos de ensino, a que se seguiu agora esta paragem devido à falta de matéria-prima.

A fábrica da Autoeuropa, com 5282 colaboradores, dos quais 98% com vínculo permanente, produziu 192 mil automóveis e 20 milhões de peças para outras fábricas do grupo alemão em 2020, que representam 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) e 4,7% das exportações portuguesas.

A escassez de circuitos integrados (também conhecidos como chips) afecta outros sectores da indústria electrónica, e é devida essencialmente a uma procura mundial muito acima da capacidade de produção existente, como explicou recentemente ao PÚBLICO Marcelino Santos, professor e coordenador científico da área de electrónica no Departamento de Engenharia e Electrotécnica e Computadores do IST, em Lisboa. 

A produção de semicondutores em silício está centrada no leste da Ásia, onde se fabrica 80% dos circuitos integrados. Trata-se de um sector em que a Europa praticamente não tem produção.