Cristina Oliveira e os telescópios espaciais
A cientista portuguesa é a directora adjunta da missão do Roman Space Telescope, que tem o nome de uma das primeiras astrónomas da NASA, Nancy Grace Roman.
Na edição mais recente do “Assim Fala a Ciência”, o podcast quinzenal do PÚBLICO, apoiado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos e co-organizado por mim e pelo bioquímico David Marçal, a convidada foi a astrofísica Cristina Oliveira, que trabalha no Space Telescope Science Institute, em Baltimore, nos Estados Unidos, onde é “deputy head of mission” do Roman Space Telescope. Este é um novo telescópio espacial da NASA que deverá ir para o espaço em 2025. Funcionará com luz infravermelha e terá instrumentos superiores aos do telescópio espacial Hubble.
Cristina Oliveira formou-se em Engenharia Física na Universidade Nova de Lisboa e fez o doutoramento em 2003 na Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, onde depois fez um pós-doutoramento. Especialista em filmes finos, estava em 2009 no momento certo e no sítio certo: entrou para o Space Telescope Science Institute, onde trabalhou vários anos controlando instrumentos do telescópio espacial Hubble, que tantas e tão boas fotografias nos tem dado do espaço. De certo modo, Cristina Oliveira é uma fotógrafa do espaço e agora vai ter uma câmara nova…
Os telescópios espaciais são muito especiais. Aprendi muito ao falar com uma das muito poucas portuguesas que trabalham a observar o espaço a partir do espaço. Comecei para lhe pedir para descrever o seu trabalho com o Hubble e para sumariar os maiores feitos desse telescópio, que já leva mais de 30 anos de vida.
Se tudo correr bem, e depois de muitos atrasos, o James Webb Space Telescope vai ser lançado em Outubro próximo num foguetão Ariane a partir da Guiana Francesa. Mais poderoso em vários aspectos que o Hubble, perguntei a Cristina o que irá ver o James Webb que o Hubble não viu.
Depois, a astrofísica estendeu-se mais a falar do “seu” projecto. O Roman Space Telescope conseguirá ver coisas que nem o Hubble, que opera com luz visível, ultravioleta e infravermelha, conseguiu, nem o James Webb, que operará só com luz infravermelha, vai conseguir. Complementam-se. O ideal seria que o Hubble não se “reformasse” tão cedo e fizesse companhia aos seus dois novos “irmãos”. Bem, o Roman é mais uma “irmã”, pois tem o nome de uma senhora, Nancy Grace Roman (1925-2018), uma das primeiras astrónomas da NASA.
Cristina falou-me das suas expectativas relativamente aos resultados do Roman, designadamente na decifração do mistério da energia escura e na detecção de exoplanetas. Há quem não aspire a saber mais. Na era Trump o financiamento do Roman esteve em perigo: foi cortado do orçamento da Casa Branca, mas o projecto foi salvo pelo Congresso. O seu custo excederá os três mil milhões de dólares. Dando eco à vox populi, perguntei à astrofísica se não seria muito dinheiro deitado ao ar, ou melhor, neste caso ao espaço. Ela não hesitou na resposta, muito bem explicada.
Por último, a cientista da NASA falou da sua experiência de interacção com o público, incluindo as escolas, e deixou dicas aos jovens que queiram seguir uma carreira tão apaixonante como a sua.
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Este programa tem o apoio da Fundação Francisco Manuel dos Santos.