Comissão de Trabalhadores da RTP condena “falta de transparência” na escolha de nova administração
Nota da Comissão de Trabalhadores da RTP refere que a nova administração “representa continuidade” e “é mais do mesmo”. Escolha foi feita por unanimidade dos membros do CGI entre uma lista de doze duplas de candidatos.
A Comissão de Trabalhadores da RTP condenou esta sexta-feira a “falta de transparência” na escolha do novo Conselho de Administração, considerando que o processo concursal com “contornos mais do que duvidosos” é uma “má notícia” para o serviço público.
Em comunicado, a Comissão de Trabalhadores da RTP “estranha a escolha, por unanimidade, do novo Conselho de Administração”, aguarda o “Plano Estratégico da nova equipa para o próximo triénio e lembra que os trabalhadores da RTP elegeram, há 31 dias, por voto secreto e directo, um representante a vogal não executivo para” a nova administração.
Criticando os “vícios” apontados “desde o primeiro momento”, a Comissão de Trabalhadores “condena a falta de transparência de todo este processo”, considerando “inaceitável que um Conselho de Administração cessante pague a uma empresa externa para esta escolher, afinal, um membro desse conselho e provavelmente dois para o Conselho seguinte”.
A nota refere também que a nova administração, escolhida pelo Conselho Geral Independente (CGI), “representa continuidade” e “é mais do mesmo”. Para os trabalhadores da RTP “isto significa a continuação de problemas pendentes sem vontade política” para os resolver.
“Continuarão por resolver os reenquadramentos, os salários continuarão estagnados e as carreiras travadas. Continuará por integrar uma parte dos precários que constituem necessidades permanentes e continuarão a criar-se falsos recibos verdes”, prossegue o comunicado.
Por isso, a escolha de um novo Conselho de Administração “num processo concursal de contornos mais do que duvidosos é uma má notícia para os trabalhadores e para o serviço público que a RTP é suposto prestar”.
A Comissão de Trabalhadores da RTP referiu ainda que “o texto das linhas de orientação estratégica sobre a área da informação” – que condiciona a escolha da nova administração – “tem o potencial de estar em claríssima violação dos critérios de autonomia editorial estabelecidos nos estatutos da RTP e na lei em geral, dado que um órgão desta natureza não pode escolher administrações da RTP que se comprometam a indicar aos directores de informação o tipo de comentadores políticos que pode ou não escolher”.
O jornalista Nicolau Santos e o administrador da RTP Hugo Figueiredo são os nomes escolhidos para a integrar o novo Conselho de Administração da RTP, anunciou também esta sexta-feira o Conselho Geral Independente.
“Terminado o procedimento, o CGI entendeu, por decisão unânime, dirigir à equipa constituída por Nicolau Fernando Ramos dos Santos e Hugo Graça Figueiredo um convite para, juntamente com um vogal responsável pela área financeira, a designar pelo CGI após parecer prévio e vinculativo do membro do Governo responsável pela área das finanças, apresentarem um Projecto Estratégico da empresa para os próximos três anos, com vista a futura indigitação como membros do Conselho de Administração da RTP”, lê-se no comunicado.
Nicolau Santos, que é presidente cessante da Lusa, onde entrou em 2018, irá liderar a nova administração da RTP, sucedendo a Gonçalo Reis, que estava à frente da empresa desde 2015 (dois mandatos).
Hugo Figueiredo, que é administrador da RTP com o pelouro dos conteúdos desde 2018, foi administrador e presidente da direcção do jornal Público, é engenheiro civil pelo Instituto Superior Técnico (IST) e tem um MBA pela Universidade Nova de Lisboa.
Liderou projectos nas áreas do digital, conteúdos, marketing e parcerias estratégicas, foi administrador da Rádio Nova e desempenhou funções na direcção das operadoras NOS e Optimus.
O órgão, presidido por José Carlos Vieira de Andrade, que tem entre as suas funções a escolha dos membros do Conselho de Administração da RTP, recorda que “decidiu, numa primeira fase, promover, mediante anúncio público, a apresentação de manifestações de interesse, em conjunto, por parte de candidatos a presidente e vogal do órgão”.
Além do currículo, os candidatos tiveram de juntar uma versão preliminar de um projecto estratégico para a RTP para o triénio 2021-2023.
Pelo menos 12 duplas tinham apresentado candidaturas à administração da RTP.