Imperial vendida à espanhola Chocolates Valor
O fundo Vallis Sustainable Investments I alienou o capital da maior produtora nacional de chocolate, que tinha comprado à RAR em 2015.
Regina, Jubileu, Pantagruel, Pintarolas e Allegro são marcas da Imperial que têm adoçado o mercado português e que, a partir de agora, passam a ter controlo espanhol. A maior produtora nacional de chocolates, fundada em 1932, acaba de ser comprada pela Chocolates Valor, por montantes que não foram revelados. Esta aquisição está ainda sujeito a aprovação da Autoridade da Concorrência.
Fundada em 1881 e com sede em Alicante, na costa mediterrânea de Espanha, a nova dona da Imperial faz assim a sua primeira aquisição internacional, comprando a produtora portuguesa ao Fundo Vallis Sustainable Investments I, que por sua vez tinha adquirido 100% do capital da Imperial ao grupo RAR em 2015.
No portefólio deste fundo estão a Hubel, produtora de frutos vermelhos, a rede de clínicas dentárias Smile-Up, a tecnológica Vortal, a Castelbel (produtos de beleza) e a RACLAC. Na página de investimentos, o fundo atribui à Imperial um turnover de 33 milhões de euros, sem especificar a que ano se referem estas receitas.
Os gestores do fundo Vallis Capital Partners destacam ainda que a alienação permite prosseguir “com sucesso o ciclo de desinvestimento e geração de liquidez para os seus subscritores, apesar do actual contexto global de incerteza e recessão”, segundo noticia a Lusa.
Em Espanha, aplaude-se a concretização de um objectivo de longa data. “A aquisição da Imperial obedece a um sonho que tínhamos há muito tempo. É uma decisão muito ponderada e que acontece no momento em que encontrámos uma empresa que nos complementa”, declara Pedro López, presidente executivo da Chocolates Valor, aludindo às intenções de expansão internacional.
“O nosso mapa de crescimento contempla o orgânico e o inorgânico e, por isso, analisámos numerosas propostas até encontrarmos o companheiro perfeito para esta nossa viagem”, acrescenta, citado num comunicado hoje divulgado.
Com fábricas em Alicante e Saragoça, a Valor obtém desta forma controlo sobre uma empresa que considera ser uma “especialista, muito querida e enraizada em Portugal”, detentora de “marcas potentes” e com uma “sólida estrutura fabril”, uma “boa abordagem ao mercado e um amplo sortido”. “O nosso objectivo é estimular o desenvolvimento do negócio de ambas as empresas, quer dentro quer fora das suas fronteiras, fortalecer e potenciar as marcas e maximizar as sinergias.”
A Imperial vende para cerca de meia centena de países. Tem a sua sede em Vila do Conde, distrito do Porto. Além das marcas próprias, tem uma linha de negócios de contract manufacturing que lhe permite produzir para outros.
A sociedade adquirente registou lucros de 12,2 milhões no último exercício (entre Junho de 2019 e Maio de 2020). Espera fechar a compra da Imperial “nas próximas semanas”, desde que a Autoridade da Concorrência declare não se opor.
Em Espanha a Valor é líder de vendas no segmento de chocolate negro e ocupa o segundo lugar de vendas no segmento de tabletes. Produziu no último ano fiscal quase 23 milhões de quilos (23 mil toneladas) de produtos, vendido em mais de 60 países.
Tem ainda uma rede de 36 lojas, seis delas próprias e as restantes em regime franchising, em Espanha e Andorra.