Pouco foi suficiente. Portugal bate Azerbaijão a caminho do Mundial
A equipa de Fernando Santos dominou do primeiro ao último minuto, mas a exibição foi globalmente fraca. Daqui a três dias, frente à mais apetrechada Sérvia, um desempenho deste tipo pode revelar-se insuficiente.
Pouca velocidade, pouca magia, pouca intensidade, poucas oportunidades flagrantes e poucos golos. Este desempenho, que encaixaria na descrição de um qualquer empate embaraçoso, foi, porém, mais do que suficiente para Portugal, nesta quarta-feira. A selecção nacional bateu o Azerbaijão, por 1-0, no primeiro jogo no grupo A de apuramento para o Mundial 2022.
Em Turim, casa emprestada à equipa portuguesa, a exibição foi cinzenta, mas um autogolo azerbaijano desbloqueou um jogo até então “encalhado” pela falta de inspiração de Portugal.
Poucos se atreverão a dizer que a equipa de Fernando Santos, dominadora do primeiro ao último minuto, não foi a justa vencedora desta partida, mas, daqui a três dias, frente à individualmente mais apetrechada Sérvia, um desempenho deste tipo pode revelar-se insuficiente.
2x4x4 de Portugal
A partida foi, como se esperava, um jogo de um só sentido. Na primeira parte, o Azerbaijão remeteu-se à defesa, com menos de 30% de posse de bola, e jogou grande parte do tempo em cerca de 40 metros de terreno – sempre com um bloco denso perto (ou mesmo dentro) da própria área e sem um único remate à baliza de Portugal.
Portugal entrou num 4x3x3, mas rapidamente a postura subjugada dos azerbaijanos fez Ronaldo ir para o corredor central e a equipa portuguesa adoptou um 4x4x2 que, na prática, foi quase sempre um 2x4x4, com os laterais projectados – e terá passado por aí a opção por estrear na selecção Nuno Mendes, canhoto, em vez de ter Cédric, um destro que acabaria naturalmente por afunilar mais um jogo já de si afunilado pelo adversário.
E exceptuando um lance em que Ronaldo deu apoio frontal entre linhas, antes de assistir Domingos Duarte, foi sobretudo pela largura que Portugal atacou. Incapaz de fazer “dançar” o bloco adversário – foi algo lento na circulação de bola –, a equipa portuguesa fez muitos cruzamentos, ora à direita, ora à esquerda, mas sempre com finalizações infelizes.
E foi também por esta via que que chegou o golo. Incapaz de finalizar a preceito, a equipa portuguesa beneficiou da cortesia do Azerbaijão. Aos 36’, Rúben Neves cruzou do lado direito e o guarda-redes Magomedaliyev saiu da baliza e socou a bola contra o central Medvedev, que fez, inadvertidamente, autogolo.
Jogo “desbloqueado” e Portugal mais tranquilo, numa primeira parte em que, pela densidade de jogadores na área adversária, faltou um pouco mais de capacidade de disparar de longe.
Rúben Neves e João Cancelo fizeram-no duas vezes, mas poderá ter faltado a contribuição de Ronaldo nesse pelouro, bem como de Bruno Fernandes, porventura mais útil neste tipo de jogo do que João Moutinho, menos predisposto a rematar e a fazer passes verticais dentro do bloco adversário.
Substituições não melhoraram
Na entrada para a segunda parte, Fernando Santos fez esta mesma análise, percebendo que era na meia-distância que estava o “ouro”. A troca de Moutinho por Fernandes coincidiu, porém, com minutos de ainda menor fulgor de Portugal.
A equipa perdeu intensidade, deu até alguma bola ao Azerbaijão e só aos 64’ minutos voltou a criar perigo, com uma jogada individual de Bernardo Silva a terminar com um remate fraco.
A desinspiração de Portugal entusiasmou a armada de Baku ao ponto de esta ter-se predisposto a atacar e fazer dois remates – até então não tinha sequer pensado nessa possibilidade.
Melhor do que a jogada de Bernardo Silva, aos 66’, foi mesmo a que chegou aos 77’. Domingos Duarte fez um passe longo bem medido, para Ronaldo, e o capitão assistiu Bruno Fernandes para um bom remate. Valeu Magomedaliyev, cujo erro no golo português manchou uma exibição individual globalmente positiva.
Também João Félix esteve perto do golo, já aos 90+1’, mas o guardião azerbaijano estava decidido em manter as contas no 1-0.