Líder do CDS: “Não sou pressionável por notícias de jornais” sobre escolhas em Lisboa
Francisco Rodrigues dos Santos anuncia que todos os membros da comissão política nacional vão ser candidatos nas autárquicas.
Na abertura do conselho nacional deste sábado sobre as autárquicas, o líder do CDS elencou os objectivos do partido: “Fazer crescer o número de autarcas eleitos e a participação do partido na governação de câmaras” e “melhor votação nas autarquias das capitais de distrito”. Francisco Rodrigues dos Santos anunciou ainda que “todos os membros da comissão política nacional serão candidatos autárquicos” e rejeitou ser “pressionável por notícias de jornais” sobre a escolha interna de nomes para as listas da coligação em Lisboa.
No discurso de arranque do conselho nacional, aberto à comunicação social, Francisco Rodrigues dos Santos admitiu ser candidato à assembleia municipal da sua terra natal, Oliveira do Hospital. “Por deliberação unânime, todos os membros da comissão política nacional serão candidatos nas próximas eleições autárquicas, mostrando o seu total compromisso com o partido e a sua absoluta disponibilidade para contribuir para o sucesso do partido”, anunciou, acrescentando que as candidaturas serão conhecidas “nos próximos dias”.
A decisão é anunciada depois de um dos seus críticos — Adolfo Mesquita Nunes — ter colocado como metas para as autárquicas: as de obter “mais candidatos, mais eleitos e mais câmaras conquistadas do que há quatro anos”. Em alguns pontos (número de candidatos e mandatos conquistados) os objectivos coincidem com os da direcção. Francisco Rodrigues dos Santos defendeu que, com base nos resultados de 2017, o CDS deve concorrer ao maior número de autarquias locais e que as candidaturas devem ser “de base local, assentes na credibilidade”.
O líder dos democratas-cristãos colocou como objectivo “fazer crescer o número de autarcas, aumentar a participação do partido nas câmaras municipais” e a intenção de um “resultado eleitoral mais equilibrado” através da extensão a distritos mais “desfavoráveis” e assim “evitando a litoralização”. Há ainda um outro objectivo: “Melhorar votação nas autarquias capitais de distrito e nas cidades médias”.
Francisco Rodrigues dos Santos apontou o “propósito do CDS” nas autárquicas, seja em listas próprias ou em coligação: “Queremos crescer em base eleitoral quer em membros eleitos, quer em governos autárquicos, com candidaturas fortes, ambiciosas e credíveis para virar a página do socialismo que o país reclama e precisa”, afirmou.
A escolha dos candidatos — que devem ser “idóneos, credíveis” e com um percurso sem “macula” — obedecerá não só ao princípio da “ligação efectiva às terras” mas também ao da “renovação das listas”. “O partido deve procurar ser exemplar, contrariando o exercício de mandatos excessivamente longos e a excessiva acumulação de cargos partidários que mina a confiança dos eleitores, dificultando o aparecimento de novos protagonistas”, afirmou.
O retrato sobre a “excessiva” permanência nos lugares pode ser encaixado na situação em Lisboa, em que João Gonçalves Pereira (um crítico da actual liderança) é vereador na câmara há oito anos, e anunciou a saída do Parlamento para estar disponível para o combate autárquico. Essa mesma questão foi colocada, no final da intervenção, pelos jornalistas.
“Vou responder-lhe como jurista que sou: os princípios são gerais e abstractos e depois se verá, caso a caso”, disse o líder do CDS. Questionado sobre se há uma “guerra” em Lisboa que pode comprometer a candidatura em coligação com o PSD, Francisco Rodrigues dos Santos rejeitou essa ideia: “De maneira nenhuma, a primeira palavra pertence às estruturas de base do partido. Também sabemos que a decisão final pertence à direcção do partido. Estão a ser seguidos os trâmites normais há muito estabilizados. Em diálogo permanente com o PSD, estamos a acertar agulhas sobre o programa, depois avançaremos para a repartição de lugares e depois a indicação de nomes.”
Mas deixou um recado na sequência de uma notícia, avançada ontem pelo jornal Observador, que indicava que a direcção não iria indicar João Gonçalves Pereira para vereador, apesar de ter sido o nome indicado pela concelhia. “Não sou pressionável por notícias de jornais. Giro o meu partido com as regras aprovadas pelos militantes. Aos que acham que fazendo ruído na comunicação social ou criando a ilusão artificial de que existem guerras internas garanto que não sou minimamente influenciável”, afirmou.
Depois da assinatura do acordo-chapéu para as autárquicas do PSD, o líder do CDS reafirmou a ideia de tornar as próximas eleições num momento de “viragem” tendo em vista as legislativas. Para isso, Rodrigues dos Santos lembrou a meta que os dois partidos se devem impor numa altura em que estão a ser preparadas listas conjuntas: “Sempre que PSD e CDS possam juntos ganhar autarquias à esquerda, temos o dever de exigir a nós mesmos a esse objectivo. Seja em listas lideradas pelo CDS ou pelo PSD”.