A 19 de Março de 2020 o Hospital Fernando da Fonseca (Amadora-Sintra) confirmava o seu primeiro caso de covid-19. Neste último ano, a unidade realizou 82 mil testes PCR e investiu cinco milhões de euros em infra-estruturas e equipamentos hospitalares. Passaram pelas enfermarias dedicadas à infecção mais de 3000 doentes e 301 estiveram internados em cuidados intensivos. Há pouco mais de um mês tiveram em simultâneo 42 doentes com covid nestas unidades mais diferenciadas. Esta sexta-feira tinham 13, de um total de 38 internados com a doença.

É o primeiro balanço de um ano de pandemia. De acordo com os dados enviados ao PÚBLICO, realizaram na urgência dedicada a doentes respiratórios 31.320 atendimentos, sendo que 28% dos doentes foram transportados por ambulância. Pelas enfermarias covid-19 passaram 3120 doentes, dos quais 301 acabaram por ter de ser internados em unidades de cuidados intensivos. Durante este período fizeram também 144 partos de grávidas infectadas e nasceram naquela unidade três bebés positivos.

Segundo o presidente da administração, o Hospital Fernando da Fonseca (HFF) foi “um dos hospitais da região de Lisboa mais fustigados pela covid-19 nos últimos 12 meses”, resultado das quatro vagas que enfrentaram (três das quais no ano passado): a primeira entre Março e Abril, a segunda entre Maio e Junho, a terceira entre Outubro e Dezembro e a última entre Janeiro e Fevereiro deste ano.

“Vivemos os momentos mais desafiantes e angustiantes das nossas vidas profissionais durante a última vaga da pandemia, com uma mobilização quase total de recursos humanos para o combate à pandemia, essencial para enfrentar o número recorde de utentes que acorreram aos nossos serviços de urgência e que, posteriormente, foram admitidos para internamento em enfermaria e cuidados intensivos”, destacou Marco Ferreira, presidente do conselho de administração, na nota enviada.

Um dos momentos de maior pressão foi a transferência de dezenas de doentes quando a rede de oxigenioterapia entrou em sobrecarga, por não estar preparada para fluxos tão elevados de oxigénio. Nessa altura, a 26 de Janeiro, com 385 doentes com covid internados em enfermaria, “registou-se o pico histórico de assistência do HFF à pandemia”. Este foi um dos investimentos que o hospital fez para o combate à pandemia, mas existiram mais num total de cinco milhões de euros.

16 milhões de luvas e dois milhões de máscaras

O hospital recorda, além do reforço da rede e tanques de oxigénio medicinal, a construção de uma nova urgência e uma nova unidade de cuidados intensivos dedicada à covid-19, a criação de uma unidade de hospitalização domiciliária, dois equipamentos de raio-X, uma TAC e mais de 90 ventiladores (invasivos e não invasivos), entre outros.

Durante este ano, contabilizou a administração, usaram 16,3 milhões de pares de luvas cirúrgicas, 2,28 milhões de máscaras de protecção de nível 2, um milhão de batas de protecção e 174.550 equipamentos de protecção individual. Realizaram também 82 mil testes PCR para diagnóstico do SARS-CoV-2, “cuja taxa de positividade foi de 8,6%”. Durante este ano, dos 3200 trabalhadores (todas as áreas), 566 estiveram infectados. Destes, 468 são profissionais de saúde: 114 médicos, 185 enfermeiros, 151 assistentes operacionais e 18 técnicos de outras especialidades.

Houve também reforço dos recursos humanos, com a contratação de um médico, 26 enfermeiros, 33 assistentes operacionais, 25 técnicos de diagnóstico e terapêutica e 15 administrativos. Quanto à assistência a doentes não covid, realizaram 131.444 consultas e 9.498 cirurgias. “Apesar de não sermos o maior hospital da região, fomos capazes de uma grande capacidade de superação e resiliência para dar a melhor resposta possível a cada um dos nossos doentes”, disse o presidente do conselho de administração.